Claudia - Edição 696 (2019-09)

(Antfer) #1

108 claudia.com.br setembro 2019


Carreira


suas atitudes profissionais. Perceber
a importância do seu papel na em-
presa, porém, está totalmente na sua
alçada. Ver suas funções serem di-
minuídas ou raramente ser envolvida
em novos projetos não são bons in-
dícios, mas, acima de tudo, preste
atenção nas atitudes da sua chefia.

ESTOU DE OLHO EM VOCÊ, GESTOR
Seu superior direto será a primeira
pessoa que dará a pista de que algo
está errado, mesmo que você não
tenha recebido um feedback oficial.
“Muitas vezes o chefe apresenta di-
ficuldade em exercer o papel de líder.
Porém, no momento em que decide
ou sabe que irá demitir um funcio-
nário, seu comportamento demons-
tra isso de forma direta ou indireta”,
afirma Wilma Dal Col, diretora de
recursos humanos do Manpower-
Group, empresa de recrutamento e
seleção, em São Paulo. Se seu superior
tem lhe chamado a atenção com
frequência, não pede mais sua opinião
como antes ou não avisa sobre reu-
niões da sua área, algo não vai bem.
“São indicativos de que a empresa
pode não considerá-la no futuro da
organização e apenas está aguardan-
do o momento certo para dispensá-
-la”, alerta Luciana.
Nesse caso, a melhor estratégia é
solicitar uma reunião para entender
o que está acontecendo. “Diga que
percebeu que nos últimos tempos
foram apontados tais erros, pergun-
te o que não está funcionando e o que
pode ser feito. Destaque que se dispõe
a melhorar no que a empresa exige
atualmente”, diz Mariza.
Procure também demonstrar
maturidade profissional. Se quer
manter o emprego, essa não é a hora
de se deixar agir por impulso, dizer
verdades engasgadas ou partir para

uma discussão com a chefia. Seja
esperta, assertiva e mostre sua capa-
cidade de percepção, adequação e seu
protagonismo, ou seja, sua importân-
cia para aquele lugar.

A PARTE QUE LHE CABE
Saber o que os outros pensam faz
parte do jogo, e essa bola deve ser
passada para seus pares e membros
da equipe. Crie o hábito de travar
conversas. Às vezes, será preciso es-
cutar e se desapegar da imagem que
tem de si mesma.
Com o tempo, compreenderá que
o diálogo evita certas neuras. Pode
até levá-la à conclusão de que você
mesma está dando razões para ser
demitida. Talvez desmotivada por
um aumento que não veio ou pela
promoção que foi para outro funcio-
nário, inconscientemente você apre-
sente uma postura negativa que vai
acabar provocando sua demissão.

“Empresas contratam por currículo
e demitem por comportamento – a
frase é clássica e real. Atitudes des-
trutivas fazem as pessoas se afastarem
e criarem uma imagem ruim de você.
A mudança comportamental é fun-
damental e urgente”, explica a coach
Renata Tolotti, que trabalha com
mentoria de empresas e líderes, de
São Paulo. Se você não é chamada
para nenhuma happy hour nem al-
moço e percebe que os colegas param
de falar quando você chega, encare
como um sinal vermelho.

PLANO DE AÇÃO
Até seu chefe dizer com todas as letras
que você está dispensada, há a pos-
sibilidade de reverter esse quadro.
Depois de ter conversas e analisar o
que pode ser feito, é hora de agir. Faça
listas e trace objetivos para mudar
sua atitude de acordo com o que foi
apontado. É provável que durante um
período tenha que trabalhar mais
para atender às novas demandas e
comportamentos exigidos. A tendên-
cia é que, com o tempo, você acabe
se adaptando.
Só não deixe de fazer seu trabalho
bem feito até o último dia, mesmo
diante de perspectivas pessimistas.
Pode ser difícil ter sangue frio, mas
deve-se pensar na vida depois dali.
“Se você precisar de uma referência
no futuro, até o chefe que a demitiu
será capaz de reconhecer suas qua-
lidades caso a saída tenha sido tran-
quila”, garante Mariza. Outra van-
tagem é que o próprio esforço final
pode servir de exemplo do que é
possível fazer como profissional. Às
vezes isso tira você da zona de con-
forto e a ajuda a se reinventar. E
talvez seja essa a atitude que seu
chefe esperava para tirar seu nome
da lista de cortes.

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