Claudia - Edição 696 (2019-09)

(Antfer) #1

claudia.com.br setembro 2019 109


Se o fantasma da demissão está rondando, é bom ter bem
claro como a lei resguarda o funcionário em caso de
dispensa. A demissão sem justa causa acontece por decisão
do empregador, sem que o empregado tenha cometido um ato
grave, como desvio de verba, para justificar. Nessa modalidade,
as verbas rescisórias são aviso prévio de no mínimo 30 dias;
férias (vencidas e proporcionais), 13º salário e multa de 40% do
FGTS. O demitido ainda tem o direito de sacar todo o Fundo de
Garantia depositado durante o contrato e de pedir o seguro-
-desemprego. Há outro tipo de rescisão de contrato de trabalho,
que veio com a reforma trabalhista de 2017 e é boa opção para
quem está desmotivada, pediu para ser demitida e a empresa
negou por causa dos custos. “A rescisão de comum acordo é
permitida quando as duas partes têm interesse na ruptura do
vínculo”, afirma Thais Poliana Andrade, advogada trabalhista e
professora de direito do trabalho na FAE-PR, sócia do escritório
Marins Bertoldi, em Curitiba. Nesse caso, o trabalhador tem
direito à metade do aviso prévio (um mês da remuneração
proporcional ao tempo de contrato – com três dias a mais a cada
ano). A multa do FGTS de 40% cai pela metade, o empregado
terá direito a somente 80% do FGTS depositado e não
pode requerer o benefício do seguro-desemprego.

COMIGO FOI ASSIM
“Em 2014, fui promovida para uma área nova em uma
empresa de tecnologia. Fiquei bem motivada, pois iria
construir o departamento de marketing e formar uma
equipe do zero. Meses depois, não consegui contratar
ninguém nem começar nenhum projeto. Era ignorada
pelo RH. A comunicação com meu superior era difícil.
Ele me mandava e-mails com cobranças absurdas e
prazos irreais. Para completar, o clima estava
estranho e havia indícios de uma fusão. A situação
afetou minha saúde. Fui diagnosticada com síndrome
de burnout e fiquei dez dias afastada. A fusão se
concretizou e um novo chefe chegou. Ele começou a
se apropriar dos meus materiais, marcava reuniões e
não me chamava. Tentei conversar, mas não via
espaço. Um dia, fui homenageada por meus quatro
anos de dedicação. Aí, pensei que era coisa da minha
cabeça. Só que fui demitida no dia seguinte. Consegui
trabalho seis meses depois, em uma empresa de
marketing. Hoje, vejo a demissão de forma positiva.
Após um ano, escrevi um artigo sobre minha
experiência e foi um sucesso. Virei instrutora oficial do
LinkedIn Learning e comando meu negócio.”
Flavia Gamonar, 34 anos, dona de empresa de
treinamento de marketing, São Paulo

“Trabalhei como gerente de TI em uma construtora e
incorporadora. Estava no cargo fazia alguns anos e,
em 2007, era líder. Nessa época, entrou na empresa
um diretor novo que passou a me excluir de algumas
reuniões e projetos. Às vezes ficava sabendo por
algum par que dizia: ‘Você viu o e-mail do fulano?’ – e
eu não tinha recebido. Tentei conversar, fui bem sutil,
e ele bem arredio. Perguntava sobre o que ele tinha
em mente, qual a proposta para o setor, se podia
montar um cronograma... Eu me ofereci para ajudar
em tudo. Ele falava: ‘Essas coisas estou vendo’.
Comecei a trabalhar por fora, fiz vários levantamentos
para facilitar a vida dele e ganhar confiança. Aos
poucos, ele me aceitou e me chamava para as
reuniões. Passou a me ouvir. Em algumas ocasiões,
apresentava algo como se fosse ideia dele. Eu não
dizia nada, pois queria mostrar que éramos um time.
Deu certo. Passamos a trabalhar bem juntos e fiquei
lá até 2010, quando pedi demissão para ir para outra
incorporadora.” Alessandra Canhassi, 46 anos,
gerente de projetos em tecnologia, São Paulo

Pode parecer amadorismo, mas algumas empresas
mantêm o funcionário que será demitido enquanto
buscam outro. É possível ficar sabendo da demissão, por
exemplo, por meio de um anúncio de vaga exatamente
para um cargo com a descrição do seu e no mesmo
setor. Se seu chefe pedir que outro funcionário
acompanhe as reuniões ou que você mostre “como se
faz” na sua área, estando ciente de que ali não cabe
mais ninguém, vale de novo o conselho de procurá-lo
para conversar, mas já começar a ver outras
oportunidades de trabalho.

NÃO É


PA R A NOIA


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