Claudia - Edição 696 (2019-09)

(Antfer) #1

Capa


Blusa, Akomb; brincos e anéis, H. Stern

outros meios já existentes, como revistas e televisão,
eram desafiadores para quem estava criando um veí-
culo próprio.
Camila passou a assumir mil funções burocráticas.
Teve que abrir empresa, emitir nota, fazer contabili-
dade. À época, já não estava mais no primeiro e único
trabalho que teve antes do blog, um estágio em uma
grife de moda praia de Recife, e se dedicava 100% ao
projeto. Até que percebeu a quantidade de horas mer-
gulhada nessas atividades e teve o clique de que era
preciso terceirizar esse lado para focar no coração do
negócio. Ao mesmo tempo, a linguagem, que costu-
mava ser descontraída e escrachada, foi evoluindo. No
mix de temas, moda, comportamento e lifestyle ga-
nharam espaço. As postagens estavam cada vez mais
autorais e, quando ela aparecia em foto, o engajamen-
to aumentava. Bingo!

PRAZER, CAMILA!
“No começo, não existia a figura da blogueira. Jamais
imaginei que eu seria pauta do meu site”, recorda Ca-
mila. Só que, naturalmente, o interesse por quem esta-
va por trás do Garotas Estúpidas só crescia. Revistas,
jornais e sites nacionais e estrangeiros se voltaram
para a formadora de opinião que surgia ali. Em 2010,
o GE integrou o top 20 da lista dos blogs de moda mais
influentes do mundo pelo Signature9, ranking impor-
tante do ramo. Era o único representante brasileiro se-
lecionado, colocando o país no radar e comprovando,
mais uma vez, a força da autenticidade em um merca-
do tão disputado.
Camila e outras contemporâneas, que começavam
a tatear a criação de uma personalidade online, ocu-
param o abismo que separava, muitas vezes, a leitora
de quem escrevia. Mais do que apontar um lançamen-
to ou indicar uma novidade, elas experimentavam.
Além de marcarem presença em um evento, compar-
tilhavam experiências e impressões. A sensação de ser
representada por uma espécie de amiga virtual fisgou
a atenção e o coração de quem as acompanhava. Era
a mistura perfeita para reter a audiência e impulsio-
ná-la como consumidora. E o movimento incomodou
quando passou a abocanhar uma fatia da verba de in-
vestimentos dos anunciantes. “Houve um momento
em que se questionou se aquele era ou não um trabalho
sério. Teve um movimento de resistência, mas não du-

rou muito. Agora já ficou claro que não dá para virar as
costas, que é mais interessante ser uma concorrência
colaborativa”, defende.
A trajetória de Camila tem a ver com esse caminho.
“Fui perceber com a escrita do livro que a minha histó-
ria estava muito entrelaçada com o processo de trans-
formação do mercado da moda”, diz. Prova disso é que
ela se estabeleceu como uma voz forte no mercado. A
credibilidade proporcionou, em 2015, a menção na lis-
ta dos 30 Under 30, da revista Forbes, que reconhece
os jovens mais influentes com menos de 30 anos. Dois
anos depois, em 2017, entrou para a lista BoF500, do
site britânico Business of Fashion, que joga luz naque-
les que estão fazendo a diferença no universo da moda.
Com um nome forte no mercado, não é de estranhar
que grandes marcas queiram se associar a Camila
Coutinho. Em sua carta de parceiros, estão a joalhe-
ria H.Stern, as gigantes de beleza Nivea e TRESemmé
e a calçadista Jorge Bischoff. Em 2018, licenciou uma
linha de esmaltes pela LCN. Neste ano, ela assinou
ainda uma coleção cápsula de roupas em parceria com
a Hering. Já havia experimentado a sensação, anos
atrás, com a Riachuelo.

DEPOIS DE TUDO E TANTO
A trilha profissional percorrida deu a ela confiança.
Camila amadureceu na internet, esse lugar em que
críticas e elogios podem chegar na mesma velocidade.

No começo, não
existia a figura da
blogueira.
Quando escrevia
apenas sobre
celebridades
gringas, jamais
imaginei que eu
seria pauta do
meu site

60 claudia.com.br setembro 2019

Free download pdf