Claudia - Edição 696 (2019-09)

(Antfer) #1

78 claudia.com.br setembro 2019


Especial Sexo


isiologicamente, o corpo da mulher é cícli-
co. Com o início da menstruação, há uma
elevação dos níveis de estrogênio, enquanto
durante o período fértil, é a progesterona,
responsável por preparar o útero para receber
o embrião e despertar o desejo sexual, que está em seu
maior patamar. Isso significa que, em determinados
períodos, as mulheres estarão mais propensas ao sexo.
Já nos homens, esse desejo é mais constante, pois o pro-
cesso é linear. O aumento da produção de testosterona
ocorre na puberdade e se mantém durante toda a idade
adulta, vindo a declinar com a velhice.
“Se a mulher for esperar que a vontade de transar seja
impulsionada pela ação hormonal, fará sexo pouquíssimas
vezes por mês. Por isso, ela precisa buscar estímulos e
pensar em sexo”, assinala a ginecologista Carolina Am-
brogini, do Projeto Afrodite, da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp). Além dessa questão biológica,
os homens são bombardeados por conteúdo sexual e de
pornografia que frequentemente representa o sexo de modo
agressivo. Como, em geral, essas referências masculinas
não correspondem às expectativas femininas, uma nova
frente de mulheres vem criando alternativas para buscar-
mos nossa melhor versão do prazer – a dois ou sozinha.
Selecionamos algumas iniciativas que fogem ao lugar-
-comum e nos colocam na posição de protagonistas.

F


PAR A EL AS


SOB MEDIDA


Na busca por autoconhecimento e plenitude no sexo, iniciativas
de mulheres estimulam o desejo, incitam a usar novas técnicas
e ajudam a conquistar mais prazer sozinha ou acompanhada

TEXTO LETÍCIA PAIVA ILUSTRAÇÕES ELISA RIEMER

EROTISMO CONSENSUAL
“Se a pornografia é referência sobre o que é sexo para muita
gente, precisamos apresentar narrativas com responsabilidade”,
afirma Carolina Albuquerque, idealizadora da Hysteria, rede de
produção de conteúdo por mulheres. Com Isadora Vieira, ela
dirigiu o filme erótico Amores Líquidos, lançado na plataforma de
streaming da sueca Erika Lust, pioneira do chamado pornô
feminista. Nessa corrente, as fitas eróticas são produzidas por
mulheres e desconstroem a submissão ao homem, comum na
pornografia convencional. “O objetivo é que tudo gire em torno
do consenso”, diz Isadora. O streaming de Lust, por assinatura,
tem centenas de filmes com esse viés. Além dele, são boas
pedidas a plataforma Make Love Not Porn, com casais reais,
e a série nacional Pornô Feito por Mulheres.
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