Claudia - Edição 696 (2019-09)

(Antfer) #1

claudia.com.br setembro 2019 83


EFEITOS HORMONAIS, O IMPACTO A LONGO PRAZO
A expectativa de vida vem crescendo cada vez mais
e nos mantemos ativas até idades mais avançadas.
Portanto, temos de aprender a lidar com uma série de
outros problemas que surgem na vida sexual. Quando as
menstruações cessam, o estrogênio despenca e a vagina
perde lubrificação e afina. “É um conjunto de manifes-
tações que pode deixar a penetração desconfortável e
até mesmo dolorosa”, alerta a psiquiatra Carmita Abdo,
coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade
(ProSex) da Universidade de São Paulo. “Mulheres com
sobrepeso tendem a sentir menos esses efeitos, pois
produzem estroma, derivado do estrogênio nas células
adiposas, que reduz a atrofia dos tecidos do canal vaginal
e da vulva”, completa a ginecologista e obstetra Ana Lúcia
Letti Müller, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Para repor esse hormônio, as médicas indicam cremes
tópicos com ou sem estrogênio sintético – alguns à base
de ácido hialurônico. Parte deles tem função hidratante.
Devem ser aplicados de duas a três vezes por semana.
Há ainda os lubrificantes específicos para o ato em si.
A terapia de reposição hormonal pode ajudar, porém é
prescrita para mulheres que apresentem outros sintomas
do climatério, como fogachos, alterações de sono e intes-
tinais, osteoporose e menopausa precoce – mesmo assim,


com ressalvas. “Não é recomendada para pacientes com
doenças autoimunes e maior risco de doenças coronaria-
nas, entre outras”, diz Ana Lúcia. Tratamentos íntimos
que utilizam laser são capazes de reduzir a atrofia, dar
volume aos lábios e melhorar o sexo.
Um estudo de revisão publicado em agosto no jornal
científico Lancet Diabetes & Endocrinology mostrou
que a testosterona pode ser uma importante aliada na
recuperação do apetite sexual – há queda de produção
do hormônio na pós-menopausa. A má notícia, porém,
é que as medicações à base desse hormônio específicas
para mulheres ainda estão em testes.
Doenças mais comuns na terceira idade, como hiperten-
são – e seu tratamento com anti-hipertensivos –, diabetes
e hipotireoidismo, também podem provocar queda na
libido feminina. Já o transtorno do desejo sexual hipoativo
(TDSH) costuma aparecer de forma mais intensa. É quando
a mulher não se excita nem com os estímulos próprios nem
com os do parceiro – e isso é causa de muito sofrimento.
Enquanto não se descobre uma solução farmacêutica, uma
boa saída é a terapia. “Precisamos aprender desde cedo a
cuidar da vagina e se preocupar com a relação e o sexo.
Estudos mostram que quem tem uma vida sexual ativa e
prazerosa passa pela pós-menopausa sem tantos problemas
de lubrificação e sobressaltos”, diz Carmita.
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