Claudia - Edição 696 (2019-09)

(Antfer) #1

claudia.com.br setembro 2019 99


Foto


Julia Rodrigues •


Beleza


Luís Cambuzano/ Amuse


CRIADORA DA FEIRA PRETA, ADRIANA


BARBOSA FORTALECE NEGÓCIOS


DE EMPREENDEDORES NEGROS


No curto período de 2012 a 2018,
o número de brasileiros que se
autoidentificavam pretos ou pardos
aumentou 32% e 8%, respectivamente,
conforme dados do IBGE. Em certa
medida, esse aumento é visto como
resultado da valorização da cultura
afro, capaz de encorajar as pessoas a se

reconhecerem negras. Nascido em 2002
no bairro da Vila Madalena, em São
Paulo, o Festival Feira Preta acompanhou
e ajudou a forjar esse processo. “Abrimos
ao grande público uma cena que era
restrita a poucas pessoas da comunidade
negra”, diz Adriana Barbosa, fundadora
da iniciativa, que reúne negócios e
artistas negros. Capturado por Adriana,
o potencial de um mercado consumidor
ignorado pelas grandes marcas foi o
motor do festival. “Muitos produtos para

“Ajudamos


empreendedores


negros a criar e


consumidores


a se enxergar


nos produtos”
ADRIANA BARBOSA, empresária

ADRIANA BARBOSA
EMPREENDEDORISMO E NEGÓCIOS

negros, como maquiagem e itens de
cabelo, só eram encontrados lá”, conta.
Em sua última edição, em 2018, a Feira
Preta bateu o recorde, reunindo 52 mil
pessoas e 130 expositores na região
central de São Paulo. Isso apesar de,
apenas dois anos antes, ter amargado
um de seus menores públicos.
Em meio a essa crise, Adriana foi
nomeada uma das 51 pessoas
negras abaixo dos 40 anos mais
influentes do mundo em premiação da
instituição americana Most Influential
People of African Descent (Mipad).
Após o reconhecimento, ela iniciou
uma virada no negócio, focando
esforços em outros formatos, além
do que a consagrou. “Percebi que o
empreendedorismo negro sempre
existiu. Nasceu da necessidade que
essa população marginalizada tinha
de obter fontes de renda”, afirma
Adriana. Com essa ótica, organizou a
PretaHub, empresa que comporta a
Feira Preta e outras frentes, como a de
apoio à digitalização de negócios, e a
PretaLab. Nesta última área, oferece,
desde 2017, oficinas que percorrem
o Brasil com capacitação e mentoria
para empreendedores negros – neste
ano, em dez estados, o foco está nas
mulheres. No final, os resultados (e
produtos) de boa parte dos negócios
são expostos na própria Feira Preta.
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