Banco Central do Brasil
Jornal O Globo/Nacional - Economia
domingo, 15 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Blockchain
o investimento em inovação. Por isso, a conta é sempre
fazer algo escalável.
Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira
da Indústria Têxtil (Abit), diz que há uma grande
diversidade de novas tecnologias e materiais
sustentáveis em desenvolvimento no país, com
potencial de ganharem escala em pouco tempo: - Hoje,
84% do algodão produzidos no Brasil são certificados.
Há uns 15 anos, essa fatia era talvez de 10%. Essas
chamadas fibras preferenciais já são um quinto do
mercado mundial de fibras têxteis.
O movimento ESG tem impulsionado transformações
também em grandes grupos do varejo de moda, diz
Yamê Reis, idealizadora do Rio Ethical Fashion e
coordenadora de Design de Moda no IED Rio. Acaba
funcionando como um 'farol' para um mercado
majoritariamente composto de pequenas empresas, diz
ela:
- Há uma movimentação que aponta uma tendência em
direção a têxteis mais sustentáveis. Impacta os
fornecedores, mas ainda está longe de ser um
movimento de massa. No entanto, já vemos abertura
para roupas de segunda mão, revenda, consertos de
roupas, uso de novos materiais.
A inovação nas redes de lojas ganhou impulso no
mundo pouco antes da pandemia.
- O Brasil está atrasado nesse processo. É uma
indústria muito grande, a quinta maior em confecção no
mundo. Isso quer dizer que nosso resíduo também é. E
preciso criar regulamentação para o setor têxtil na
Política Nacional de Resíduos Sólidos -diz Yamê.
A Renner terminou o ano passado com 81, 3% de seu
vestuário classificados como menos impactantes
ambientalmente, superando a meta de 80% traçada em
- Tem quase todo (99, 15%) o algodão de seus
itens de cultivo sustentável certificado. Todos os
fornecedores da rede têm certificação socioambiental e
recebem da Renner consultoria para reduzirem
impactos, explica Eduardo Ferlauto, gerente-geral de
Sustentabilidade da companhia. Ele conta que os
parceiros passaram a enxergar os ganhos para a cadeia
porque o resíduo virou receita, vendido para fabricar
novo tecido.
VALOR AMBIENTAL
O executivo cita o programa Produção Mais Limpa, em
parceria com a USP e a Ellen MacaArthur Foundation,
iniciado com jeans e depois estendido à produção de
outros tecidos reciclados. A Youcom, grife de moda
jovem da Renner com cem lojas próprias no país, tem
pontos de coleta de jeans usados em todas elas.
- Peças entregues em nossas lojas passam por triagem,
podendo ir para doação, transformação ou reciclagem.
Recolhemos dez toneladas de roupas desde 2018,
grande parte usada em novas peças - conta Ferlauto. -
Chegam ao consumidor com mesma qualidade, sem
acréscimo de preço, mas com valor ambiental.
A Riachuelo, em parceria com o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT), faz pesquisas para a elaboração de
um novo fio constituído a partir de resíduos de sua
produção própriae de roupas usadas descartadas por
consumidores em suas lojas. Já há tecnologias nessa
área em uso, como a que produz poliéster a partir de
garrafas PET, apoiadas em processos para diminuir o
consumo de água e energia.
Com investimento de R$ 1, 1 milhão, a Arezzo&Co vai
transformar sua marca sustentável, a Alme, em um
laboratório de inovação para chegar a novas soluções
que reduzam o impacto ambiental da produção de
calçados, como o couro ecológico e o reuso dos
resíduos de solas. Hoje, a marca já usa algodão de fios
oriundos das aparas da indústria têxtil nos
revestimentos dos sapatos e material de cana-de-
açúcar para sola e palmilhas.
- Por mais que o portfólio seja menor, na contramão do
fast fashion, ganhamos na fidelidade dos clientes.
Também estamos com um projeto novo de
rastreabilidade em blockchain (tecnologia de validação
digital) para acompanhar toda a cadeia de produção e