Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-15)

(Antfer) #1

Álvaro Avezum - Adoecer nos torna mais honestos?


Banco Central do Brasil

Jornal O Globo/Nacional - Saúde
domingo, 15 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Álvaro Avezum


A ocorrência de nova doença induz naturalmente a
pensarmos que algo deu errado! Nosso organismo
falhou! Fomos escolhidos de alguma maneira a
reduzirmos nossos anos de vida com qualidade. De
forma algo disrup-tiva, vamos juntos ousar um pouco: e
se o adoecimento for um sinal de advertência em
relação ao nosso estilo de vida?


Somos o que pensamos e, consequentemente, como
sentimos e como agimos determina a ocorrência de
doenças em nossas vidas. Podemos, então, questionar
se nossa saúde e nosso adoecimento ocorrem de
acordo com nossas escolhas: fumar ou não, se
alimentar de forma saudável ou não, realizar atividade
física ou não. E, vamos além, escolhemos utilizar
adequadamente ou não medicamentos eficazes para
nossa saúde.


Quando adoecemos nosso corpo sinaliza que algo não
vai bem e isso, de certa maneira, revela quem somos
(inclusive e principalmente, para nós). É dito que o
adoecimento sempre tem endereço certo e, sendo


assim, esta deterioração da saúde mostra quem somos
e que algo precisa melhorar ou mudar num plano mais
profundo de nossa personalidade ou consciência.

Se há desequilíbrio ou desarmonia interna,
provavelmente haverá enfermidade e posterior doença,
como por exemplo, problemas cardiovasculares, câncer,
doenças autoimu-nes etc. Como disse o médico alemão
Ruedi-ger Dahlke: 'o corpo é palco de acontecimentos
desconhecidos da alma' e 'a linguagem do corpo é a
mais falada de todas as línguas'.

Atividade física, alimentação saudável, evitar tabagismo
colaborarão decisivamente para nossa saúde, mas não
serão totalmente suficientes para determinar saúde
abrangente e duradoura, permitindo longevidade com
qualidade. Novamente, citando Dahlke: 'quando ocorre
o diagnóstico médico da doença, nossa percepção do
fato é de que ocorreu uma catástrofe (do grego
katastrophe, significa ponto de inversão)'.
Consequentemente, podemos deduzir que há sugestão
cristalina de mudança, necessária e intransferível do
nosso comportamento que pode nos adoecer.

Nesse cenário, precisamos ser honestos com nós
mesmos e nos questionarmos o que estamos fazendo,
como estamos vivendo e quais são nossos objetivos na
vida. Então, a doença pode significar oportunidade e se
a essencialidade existencial é oportunizada pela
doença, será que adoecer sempre significa falha do
organismo?

Além da reflexão necessária para nossa tomada de
decisão em busca da manutenção da saúde ou
evolução favorável em casos de doença, precisamos de
conhecimento baseado em evidências científicas para
prevenção. Consequentemente, precisamos
implementar na prática clínica esse saber disponível.
Para promovermos impacto tangível na saúde da
população, hoje trazemos informações para iniciarmos
nossa mudança, evitando a ocorrência do acidente
vascular cerebral ('derrame').
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