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Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
domingo, 15 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas
perfluoro-octanossulfônico (PFOS). É um tóxico utilizado
na indústria e também em extintores de incêndio,
causador de câncer e de outras doenças.
A indústria militar é, certamente, uma das mais
poluidoras do mundo. As altas taxas de emissão de
carbono, bem como contaminações por armas
biológicas, nucleares e lixo tóxico, são uma grande
afronta à sustentabilidade do planeta. Isso sem contar
os milhões de mortos nas guerras oficiais e também nas
periferias do Brasil, o líder mundial em mortes por
armas de fogo. Existe algo mais oposto ao
desenvolvimento sustentável do que a guerra e a cultura
bélica?
Pandemia, emergência climática, fome, pobreza crônica
e mais de 2 bilhões de pessoas sem acesso a
saneamento básico (cerca de 25% da população
mundial) em pleno século 21. Enquanto isso, são os
investimentos militares que crescem, alcançando US$ 2,
1 trilhões em 2021, pela primeira vez na História.
Felizmente, o Japão mudou e tornou-se um país
próspero, sem um exército de ataque e com grande
desenvolvimento humano e tecnológico. Mas,
certamente, poderia assumir um protagonismo maior se
resolvesse as injustiças persistentes em Okinawa.
O Brasil, assim como o Japão, poderia ser um líder da
desmilitarização do mundo e do desenvolvimento
sustentável. Nossa biodiversidade, nossa riqueza
cultural e nosso potencial humano são vastos e
conhecidos. Mas, nestes 200 anos de independência,
será necessário despertar do pesadelo atual.
A população nipodescendente e okinawana no Brasil é
a maior do mundo. Mas muitos de nós, com educação e
mídia eurocentradas, pouco sabemos sobre essas
histórias. À mensagem de Okinawa e a experiência do
Japão parecem mais do que relevantes neste Brasil e
neste mundo em crise. Só a cultura da paz pode trazer
o desenvolvimento sustentável e o bem viver que todos
desejamos. e
"Ela parece mais que relevante neste mundo em crise:
só a cultura da paz pode trazer o desenvolvimento
sustentável e o bem viver que desejamos"
CANTOR, COMPOSITOR, PESQUISADOR PÓS-
DOUTOR NO INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS
DA USP, DOUTOR EM CIÊNCIAS SOCIAIS PELA
UNICAMP, REGRESSOU RECENTEMENTE DE
OKINAWA, ONDE REALIZOU PESQUISAS PELA
JAPAN FOUNDATION RESEARCH FELLOWSHIP.
ATUALMENTE, É PESQUISADOR VISITANTE DA
UNIVERSIDADE DE NOVA YORK COM APOIO DA
FAPESP E LANÇA SEU SEGUNDO DISCO,
'"TERRÁQUEOS'", PELO SELO YB MUSIC. WWW.
KINJO. COM. BR
COLUNISTAS
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas