Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-15)

(Antfer) #1

A erva daninha a combater


Banco Central do Brasil

Jornal O Globo/Nacional - Opinião
domingo, 15 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: OTÁVIO SANTANA DO RÊGO BARROS


É imperativo persistir na discussão sobre o papel das
Forças Armadas no Brasil, mesmo quando os mundos
político, econômico e psicossocial desabam sobre a
população indefesa.


Como justificativa, a instituição tem sido envolvida no
processo político-partidário e precisará da atenção da
sociedade para reencontrar o caminho que lhe
proporcionou uma elevada confiabilidade junto à opinião
pública.


A organização, que aprendeu a se relacionar de forma
transparente com o ambiente externo, estabelecendo
limites entre a política da Força e a política na Força
(lembrando o general Góes Monteiro), sofre para se
manter afastada da rinha eleitoreira.


A sábia acomodação dos militares, ocorrida a partir de
1985, encontra-se sob fogo pesado desde 2013. Os
governos, independentemente de coloração, tentam
tragá-los com afagos transitórios para auferir dividendos
em cima de sua respeitabilidade.


Os militares são muito ciosos da imagem que refletem
no espelho da sociedade. Portanto deixar claro, por
meio de uma comunicação franca, como a população os
observa e entende seu papel é uma boa medida para
correção de rumos.

Todavia nem a sociedade nem as Forças Armadas
chegaram definitivamente a formular uma clara e
coerente mensagem sobre o papel da organização. É
chegado o momento.

Essa elaboração não resultará de uma decisão
unilateral do estamento militar ou da população. Será
obra conjunta.

Forças Armadas e sociedade civil são expressões de
algo mais profundo: o sentimento de comunidade, de
nação. Se isso não for compreendido, se não
caminharem juntas, será impossível alcançar o
propósito maior de paz e bem-estar sociais.

Outro aspecto da análise é a premissa de que as Forças
Armadas não têm interesses próprios, motivações
específicas, nem buscam certa autonomia. Isso é um
equívoco fora de moda, persistente no pensamento
político atual. Elas têm e precisam ser respeitadas.

Em 1990, o almirante Mário César Flores (ex-ministro
da Marinha e chefe da Secretaria de Assuntos
Estratégicos) afirmou que não existia mais um
sectarismo ideológico como em 1964 e que faltavam
lideranças fortes e integradoras, como Góes Monteiro,
Castelo Branco ou Geisel, para liderar novas
intervenções. Estava certo.

Desde então, a instituição foi comandada por homens
com atributos que se aproximaram do nobre conceito de
liderança institucional.

Não precisaram ser lideranças belicosas para atingir
suas missões. Por certo, tinham Sun Tzu como
referência: 'Derrotar o inimigo em cem batalhas não é a
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