Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-15)

(Antfer) #1

Eleições tentam tirar Líbano da pior crise econômica de sua história


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Internacional
domingo, 15 de maio de 2022
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Autor: FERNANDA SIMAS


Enfrentando a pior crise econômica de sua história, o
Líbano realiza hoje eleições legislativas marcadas pelo
mantra da 'mudança'. No entanto, com o PIB se
contraindo 58%, desde 2019, a inflação anual acima de
200% e um grave problema energético, os votos podem
terminar de ser contados no escuro - literalmente -,
afetando a confiança no processo.


O país que um dia foi chamado de Suíça do Oriente
Médio, em razão de sua política financeira liberal, hoje
tem um salário mínimo de menos de US$ 1 ao dia e três
em cada quatro cidadãos na pobreza, segundo a ONU.
A pequena esperança da população, de ver a situação
mudar com as eleições, é vista com ceticismo por
especialistas.


ESCASSEZ. 'As eleições parlamentares,
provavelmente, não vão aliviar a instabilidade política e
econômica no próximo ano. Por exemplo, o Banco
Central do Líbano (Banque du Liban) enfrenta escassez
de liquidez em dólar, o que reduz a capacidade do
governo de importar bens básicos, manter a


infraestrutura e responder aos desafios
socioeconômicos', afirma Dina Arakji, analista da
Control Risks.

A crise energética é um exemplo das dificuldades que a
população libanesa enfrenta - e continuam sem solução.
O sistema estatal de energia, subsidiado com mais de
US$ 40 bilhões na década de 1990, nunca conseguiu
prover o país com 24 horas ininterruptas de eletricidade.
O medo de ter de terminar a apuração das eleições
durante um apagão é real.

'Criaram uma empresa (de energia) incapaz. A
população tem hoje entre 4 horas e 6 horas de luz ao
dia, por família de classe média. Não estou falando dos
ricos. A mesma companhia de eletricidade diz que não
vai conseguir segurar o fornecimento para o dia da
votação e pede mais dinheiro do que custa toda a
campanha política. Agora, imagina uma hora de cortes
de eletricidade. Isso pode matar a confiança do povo
nas eleições', explica o historiador Asi Garbarz.

Desde a década de 1990, a situação econômica no
Líbano é considerada estável, com impostos muito
baixos e políticas liberais que, segundo especialistas,
favoreceram uma pequena elite dentro e fora do país.
No entanto, a falta de investimentos em infraestrutura e
políticas sociais ficou mais evidente desde 2019.

'A estabilidade nunca chegou ao povo, com projetos de
educação e infraestrutura, por exemplo, e viabilizou a
corrupção, que hoje abrange xiitas e a elite muçulmana.
Esse sistema financeiro era uma ilusão de estabilidade.
Internamen-te, o PIB sempre foi muito baixo e a dívida
nacional sempre foi muito alta. O país era um paraíso
para magnatas', afirma Garbarz.

EXPLOSÕES. A condição de vida da maior parte da
população piorou muito desde 2019, quando
começaram os protestos antigoverno. Os libaneses que
recebem em libras libanesas viram seu poder de
compra cair, já que a moeda desvalorizou 90% nos
últimos dois anos. O desemprego aumentou, assim
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