Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-15)

(Antfer) #1

Ellane Cantanhêde - Do Brasil para o mundo


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
domingo, 15 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Davos

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Autor: Ellane Cantanhêde E-mail: eliane.
cantanhedeFestadao. com; Twitter: Wecantanhede


Os norte-americanos não são a polícia do mundo e nem
tudo o que é bom para os Estados Unidos é bom para o
Brasil, mas os sinais enviados de Washington devem
ser levados a sério, até porque não são isolados, têm
eco em países desenvolvidos e democráticos. O
presidente Jair Bolsonaro está isolando, ou isolou, o
Brasil no mundo.


Depois de a Reuters divulgar o recado do chefe da CIA,
William Burns, para Bolsonaro parar de desmoralizar o
processo eleitoral brasileiro, o porta-voz do
Departamento de Estado, Ned Price, e a subsecretária
de Estado, Victoria Nuland, manifestaram confiança no
Brasil e defenderam voto livre e democrático. Não foi
por acaso.


Também Alemanha, França, Bélgica, Noruega e
Argentina, entre outros, veem com apreensão a
escalada de Bolsonaro e sua tropa, militar e civil, contra
STF, TSE e urna eletrônica, além dos erros na
pandemia e os retrocessos em costumes, Amazônia e


tudo o mais. Só não vê quem não quer. Ou aprova.

Desde a estreia internacional, em Davos, em janeiro de
2019, Bolsonaro acumula fiascos. Nem sequer ocupou
todo o tempo disponível para vender o País. Depois,
esnobou a COP-26 e passou vergonha no G-20, ao
ignorar o novo líder da Alemanha e falar abobrinhas
com o da Turquia. Sem vacina, comeu pizza em pé na
rua, na abertura da ONU.

Bolsonaro chocou paraguaios e chilenos com loas a
ditadores, deixou rolar desaforos de filhos e ministros
contra a China e foi de uma deselegância atroz com a
primeira-dama da França e a ex-presidente do Chile,
alta-comissária da ONU para Direitos Humanos. E a foto
cortando o cabelo ao cancelar agenda com o chanceler
francês?

É estridente o contraste com o ex-presidente Lula,
recebido com honras na Europa, e Bolsonaro só piora
as coisas. Último líder do G-20 a cumprimentar Joe
Biden, ele conseguiu algo inédito, ou inusual: os
presidentes de EUA e Brasil nunca conversaram, em
um ano emeio de Biden.

Bolsonaro foi descartado de novo pelo G7 (maiores
economias), mas haverá mais um Fórum de Davos e a
Cúpula das Américas em Los Angeles, uma chance
para, enfim, um encontro bilateral com Biden. A única
presença provável, porém, será na reunião virtual dos
Brics (Brasíl, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Depois de Bolsonaro levar a Moscou a cúpula militar e
falar em 'solidariedade' à Rússia, 'neutralidade' no
massacre da Ucrânia e 'parceria' com Vladimir Putin,
diplomatas estão de cabelo em pé. Não diplomatas
também. O que é pior? Ele não ir e aprofundar o
isolamento do Brasil, quando se redesenha uma nova
ordem mundial? Ouir, falar bobagem e deixar todo
mundo, literalmente, perplexo?

"Desde a estreia em Davos, Bolsonaro coleciona
fiascos internacionais. E tem mais!"
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