Escolas focam saúde mental do aluno no retorno às aulas
Banco Central do Brasil
Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Especial
domingo, 15 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Déficit
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Autor: Dante Ferrasoli
SÃO PAULO Depois de dois anos com aulas remotas,
alunos que entraram na universidade nos últimos
semestres começaram a ir presencialmente às
instituições de ensino. O longo período em casa, porém,
prejudicou saúde mental e aprendizado de alguns. Por
isso, escolas criam ou adaptam programas para ajudá-
los em ambas as frentes. Na FGV (Fundação Getúlio
Vargas), os professores dão aos alunos um teste sobre
o material dos semestres anteriores. Dependendo do
resultado, o estudante participa de uma espécie de
recuperação, no contra turno, com duração média de
três meses.
Além disso, os estudantes têm à disposição, 24 horas
por dia, atendimento com psicólogos. 'E bem procurado,
e é uma iniciativa que veio por causa da pandemia, mas
que não deve acabar no futuro', diz Antonio Freitas, pró-
reitor.
O Insper já atuava nas duas frentes, mas viu o número
de estudantes atendidos pelos programas se multiplicar
na volta ao presencial.
A partir da percepção do próprio aluno, de colegas ou
de professores de que algo não está bem com a saúde
mental de alguém, a escola intervém e oferece ajuda.
Caso o estudante não a aceite, ele é monitorado e,
dependendo do caso, sua família é acionada.
'Além do atendimento psicológico em si, que se estende
também às famílias, recomendamos que o estudante
participe da comunidade, em atividades esportivas,
coletivos etc', diz Guilherme Martins, diretor de
graduação. Ele estima que o número de atendidos
tenha dobrado por causa do período de isolamento. A
escola também instituiu, com a pandemia, uma prova de
nivelamento entre os ciclos (antes, havia uma avaliação
só, para recém-aprovados). Quem vai mal é
encaminhado para aulas extras. O número de alunos
nesses reforços aumentou duas vezes e meia com a
pandemia. A Universidade Presbiteriana Mackenzie, por
coincidência, havia implementado o programa Pró-
calouro um mês antes da crise sanitária. 'Entre outras
coisas, há provade nivelamento. O aluno recebe uma
nota e, se necessário, a gente o incentiva a fazer um
curso, durante um semestre, que o ajuda a sanar
deficiências', conta Janete Brunstein, pró-reitora de
graduação.
Entre 2021 e 2022, 959 alunos participaram do projeto
para recuperar conteúdo de língua portuguesa e 1. 281
o fizeram com matemática.
Já a ESPM tem há quase uma década o Papo
(Programa de Apoio Psicológico e Orientação). No
campus de São Paulo, são 60 atendimentos por
semestre. O aluno é encaminhado ao projeto quando
professores identificam comportamento dissonante do
resto da turma. Caso não tope, é acompanhado de
longe, via relatos dos docentes.
Especificamente por causa da pandemia, porém, a
ESPM implementou o Papo Aberto, com rodas de
conversa sobre temas como afeto, isolamento e saúde
mental.