Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-15)

(Antfer) #1
Pesadelo eleitoral, inflação não deve ceder a ações adotadas por
Bolsonaro

Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 15 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

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Autor: Eduardo Cucolo e Douglas Gavras


São PAULO Em segundo lugar nas pesquisas eleitorais,
o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem adotado uma série
de medidas na área econômica para enfrentar dois
desafios em 2022: reduzir o impacto da alta da inflação
e, ao mesmo tempo, tentar estimular a demanda e
compensar a per dado poder de compra das famílias.
Dois objetivos que, do ponto de vista econômico, são
contraditórios.


A avaliação entre economistas é que o governo tem
sido bem-sucedido ao contribuir para uma atividade
econômica que se mostra mais forte que o esperado
neste primeiro semestre. Já as medidas de combate à
inflação -como a redução de tributos- podem até render
dividendos eleitorais, mas trarão pouco ou nenhum
alívio para o bolso do consumidor.


A primeira questão levantada é a forma encontrada para
segurar os preços: as desonerações tributárias sobre
diesel, produtos industrializados (com o corte do IPI) e a


redução de imposto de importação de etanol e alguns
insumos e alimentos.

Cortes de tributos nem sempre chegam ao preço final e,
quando chegam, podem levar a um aumento de
demanda que pressiona os preços em um segundo
momento, afirma André Braz, coordenador do índice de
preços ao consumidor do FGV Ibre (Instituto Brasileiro
de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Ele afirma que a primeira redução de IPI não resultou
em desaceleração da inflação, e alguns produtos, como
o carro zero, continuaram a subir de preço.

'Nem sempre o produto que fica mais barato consegue
sustentar esse patamar por muito tempo. Ele fica barato
no início, a demanda aumenta, o mercado reage a esse
aumento de demanda subindo preço e o saldo desse
benefício de redução de imposto é menor ainda', afirma
Braz.

'É o governo tentando marcar uma posição. Ganha voto,
ganha popularidade, mas o efeito prático não acredito
que a gente vá colher'

Do lado da demanda, o governo já adotou diversas
medidas, como a liberação de até R$ 1. 000 do FGTS
dos trabalhadores, a antecipação do 13º do INSS e a
flexibilização do teto de gastos para liberar mais
emendas parlamentares e viabilizar o Auxílio Brasil.

Elasse juntam à reabertura de diversas atividades após
a queda no número de mortes por Covid, fatores que já
levam o mercado a prever um crescimento do PIB no
primeiro trimestre próximo de 0, 5%, quando antes se
falava até em queda.

Esse estímulo adicional também dificulta o trabalho do
Banco Central para controlar uma inflação que está
acima de 10% desde setembro do ano passado e deve
estourar a meta pelo segundo ano consecutivo.
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