Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-15)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 15 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

'Você tem, de um lado, uma política monetária cada vez
mais restritiva. De outro, várias medidas para tentar
suavizar a desaceleração da atividade econômica. Está
brecando com um pé e acelerando com o outro. São
contradições na condução da política econômica aos
olhos da inflação', afirma Marco Caruso, economista-
chefe do Banco Original.


Ele também afirma que cortes de tributos ajudam a
inflação acurto prazo a ser menor, mas que parte dessa
redução pode virar uma margem maior de ganho para o
produtor.


O economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael
Cardoso, afirma que Auxílio Brasil, resgate do FGTS e
antecipação o 13º salário são alguns fatores que, ao
lado da retomada das atividades, dificultam neste
momento o trabalho do BC.


'Tem uma série de fenômenos que vão manter a
demanda aquecida artificialmente no começo deste ano.
O Banco Central fez muito, ele está em um território
em que a atividade econômica deve ser freada, mas
esses efeitos estão sendo escondidos pela questão da
reabertura, dos impulsos fiscais, e assim por diante'


Já na avaliação do economista Heron do Carmo,
professor da FEA-USP (Faculdade de Economia,
Administração, Contabilidade e Atuária, da Universidade
de São Paulo), a inflação alta até a eleição de outubro já
está contratada e o governo não terá tempo suficiente
para mudar o cenário.


'Eles podem conseguir uma pequena redução com
combustíveis e energia, mas teria um recuo pontual em
um determinado mês e depois voltaria a subir. Não tem
muito o que o governo possa fazer, além de torcer para
que o período entre maio e agosto, que costuma ser de
inflação mais baixa, não tenha alguma surpresa'


Carmo acrescenta que há muitas incertezas pela frente,
como a evolução da pandemia na China, os
desdobramentos da Guerra da Ucrânia e a própria
questão eleitoral. A perspectiva de geada também pode


levar a uma alta não esperada no preço de alimentos no
meio do ano.

'Agora, mesmo que tudo caminhe bem, o que se pode
esperar é uma inflação rodando em torno de 9% em 12
meses, em setembro e outubro', diz.

Na semana passada, Bolsonaro afirmou que o corte do
IPI não reduziu os preços, mas ajudou a evitar uma alta
maior dos produtos industrializados. 'Quando cortei IPI,
por exemplo, ia subir muita coisa, veículos,
motocicletas, linha branca. Não quer dizer que o IPI fez
baixar o preço, mas não subiu'

O Congresso Nacional também tenta adiar os reajustes
na conta de energia deste ano para2023, evitando
repercussão no bolso dos consumidores em ano
eleitoral.

Alberto Ramos, do Goldman Sachs, afirma que a
economia brasileira e as despesas das famílias se
beneficiaram de uma quantidade razoável de estímulos
fiscais nos últimos meses, como subsídios ao diesel e
gás de cozinha, um programa de transferência de renda
mais amplo, cortes de impostos e tarifas de importação,
além do saque do FGTS e de aumentos salariais de
dois dígitos para funcionários do setor público de
estados e municípios.

A instituição elevou sua previsão de crescimento da
economia brasileira neste ano de 0, 6% para 1, 25%.

'Não descartamos outras medidas para mitigar o
impacto da inflação de dois dígitos e estimular o
consumo das famílias antes das eleições de outubro',
afirma o economista em sua revisão de cenário.

Ramos espera, no entanto, ventos contrários e intensos
no segundo semestre.

Diversos economistas também revisaram para cima
suas projeções de crescimento da economia em 2022
nas últimas semanas e também apontam para um
segundo semestre -justamente o período eleitoral- de
atividade menos intensa.
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