Mundo dos Super-Heróis - Edição 112 (2019-07)

(Antfer) #1

Capista de títulos adultos, Glenn Fabry


revela como foi trabalhar nas polêmicas


Preacher e Hellblazer, e em outras HQs


DIVULGAÇÃO que marcaram sua carreira POR HEITOR PITOMBO


O


universo dos quadrinhos
é movido por gênios do
lápis e do nanquim, mas
são raros os artistas que
se destacam pela arte
pintada, como é o caso de Glenn Fabry.
Com seu talento lapidado pela escola de
artes que frequentou na juventude, ele
iniciou sua carreira ilustrando HQs do
bárbaro Sláine na revista inglesa 2000
AD, e não demorou para perceber que
sua técnica com telas e tintas funcionava
melhor nas capas dos gibis.
Destacando-se como capista primeiro
em revistas britânicas (Crisis, Revolver
e Deadline) e, em seguida, nos títulos
da Vertigo (Preacher e Hellblazer), Fabry
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renome, como Pat Mills. Mas foi com
Garth Ennis que fez uma das parcerias
mais marcantes de sua carreira,
principalmente no título Preacher. Com o
atual sucesso do seriado baseado na HQ, a
arte de Fabry foi para além dos quadrinhos
quando, a pedido da emissora AMC,
produziu pôsteres promocionais.
Em 2018, aos 58 anos, ele deu um
grande susto em seus fãs, quando revelou
ter sido diagnosticado com câncer no
pulmão. O temor era grande, pois Fabry
já havia passado alguns anos de sua
juventude internado para tratar a asma e
a bronquite, condição que evidenciava a
sua fragilidade. O diagnóstico provou-se
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para uma tratável tuberculose. Esses
assuntos são abordados nesta entrevista.

QUANDO A ARTE ENTROU EM SUA VIDA?
Eu tinha por volta de uns cinco anos e me
lembro de ter feito o desenho de um soldado
que muita gente disse que estava caprichado.
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os cinco e doze anos e de passar boa parte
desse tempo no hospital, época em que os
meus pais me traziam gibis. O problema é que
eu lia tudo em uns dois ou três dias e tinha
que esperar mais uma semana por outro
suprimento de revistas. Como eu não tinha o
que fazer, as pessoas me perguntavam: “Por
que você não desenha?”.

QUE TIPOS DE QUADRINHOS VOCÊ
GOSTAVA NESSA ÉPOCA? Gostava da revista
Mad e de HQs de humor em geral.

AS ARTES PLÁSTICAS FORAM UMA
INSPIRAÇÃO? Sim, claro. Antes mesmo
de me matricular na escola de arte, eu
costumava frequentar museus de Londres,
mais para ver que tipos de obras estavam
sendo produzidas naquele momento e para
apreciar os trabalhos de medalhões como
John Waterhouse [1849-1917] ou John Singer
Sargent [1856-1925]. Eu tinha um joguinho
particular, em que olhava os quadros de lado
e, baseado na espessura das camadas de tinta
usadas em cada um deles, tentava adivinhar
qual a idade que cada um dos pintores tinha
quando produziu essa ou aquela obra. Eu
olhava para um quadro, por exemplo, de John
Everett Millais [1829-1896], fazia os meus
cálculos absurdos e chegava a conclusões do
tipo “ele tinha dois anos a menos do que eu
quando pintou isso”. Maldito Millais!

VOCÊ CHEGOU A DESENHAR COM LÁPIS
ANTES DE SE AVENTURAR NOS PINCÉIS?
Não. Me interessei logo pelas tintas e comecei
a fazer tudo em cores. Por sinal, boa parte
das técnicas absorvi de livros didáticos que
ensinavam, por exemplo, como usar aquarelas
ou tintas a óleo.

ENTREVISTA


14 | MUNDO DOS SUPER-HERÓIS

Telas


profanas


A carreira de Fabry começou como ilustrador das HQs de Sláine,
mas foi como capista de títulos da Vertigo que ele se destacou
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