18 | MUNDO DOS SUPER-HERÓIS
NOVOSCLÁSSICOS
O vilão Abominável ganhou uma versão bem grotesca
Às vezes, seria melhor para o Hulk não ser imortal
conta das inúmeras HQs do gênero que
desenhei no Brasil nos anos 1980 e 1990.
Quando recebi o roteiro, percebi que aquilo
se encaixava perfeitamente no que eu
queria fazer”.
Ainda assim, a dupla Ewing-Bennett
imprimiu uma nova interpretação
ao personagem, contando com a
colaboração do colorista Paul Mounts e,
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José (também brasileiro), que fez com
que a arte de Bennett ostentasse uma
exuberância que andava há tempos
adormecida. Soma-se a isso as capas do
badalado pintor Alex Ross, que mantém
a função de capista desde o início da série,
em agosto de 2018.
Alguns aspectos colaboram para
que o título esteja sendo visto como um
momento dos mais emblemáticos na
trajetória do personagem. Em primeiro
lugar, o Hulk de Ewing-Bennett é
inteligente, articulado, astuto e dotado de
uma agressividade poucas vezes assumida
por ele, mesmo em seus momentos mais
descontrolados do passado. Soma-se a isso
sua tranquilidade em dividir a existência
com o cientista Bruce Banner, a quem
ele reverte pelas manhãs, pois sabe que
poderá liberar toda sua fúria e seus desejos
mais viscerais à noite. Se a ideia de Ewing
era mostrar o Hulk como um monstro,
o objetivo foi alcançado. “Não queríamos
fazer o que já havia sido feito”, explica
o roteirista. “Há poucas coisas nos gibis
de super-heróis que são realmente novas,
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fazendo algo que ninguém pensou”.
TRAMA
A série parte do pressuposto de que
Banner e seu monstruoso alter ego vinham
passando por várias ressurreições e novas
mortes desde os acontecimentos de Guerra
Civil II, quando a comunidade heroica o viu
ser assassinado. Com isso, The Immortal
Hulk mostra Bruce Banner em constante
fuga das autoridades e aproveitando-se
do fato de ser dado morto para se esconder,
aos moldes do que era mostrado no seriado
de TV do personagem nos anos 1970.
Porém, a ascendência do Hulk sobre
o cientista cria situações bastante originais
já nos primeiros números. A primeira
ocorre durante um assalto a mão armada
a uma loja, quando Banner é morto no
tiroteio. Ao ressuscitar na mesma noite
como Hulk, ele sai à caça do criminoso e,
em uma atuação bastante contida, limita-
se a surrá-lo e quebrar-lhe ambas as
mãos. Tudo com muita satisfação.
A situação cria um pretexto para
que vários relatos de pessoas que
testemunharam aparições da criatura
pelos Estados Unidos meses antes venham
à tona, como fruto do empenho da
jornalista Jackie McGee. A personagem
é outra referência à clássica série de TV,
em que o jornalista Jack McGee suspeitava
que Bruce Banner estivesse vivo e passou
a persegui-lo pelo país.
“Jackie realmente leva o nome do
repórter da série de TV”, explica Ewing.
“No começo da nossa história, ela também
está empenhada em provar que o Hulk
ainda existe, algo que só os Vingadores
têm conhecimento até então. Mas com
HQ dos Vingadores com a volta do Golias
Esmeralda. Mesmo já tendo trabalhado
com uma enorme gama de personagens
da editora, o artista paraense ainda não
havia feito um trabalho nos quadrinhos
com o vigor de The Immortal Hulk.
Fã do personagem desde os cinco anos,
quando ele e o pai passaram a curtir juntos
os gibis do Hulk, Bennett se surpreendeu
quando Brevoort lhe disse que queria uma
abordagem mais sombria e aterrorizante
para a série. “Topei logo, até porque eu
já tinha uma experiência com terror por
COM MUITA EXPERIÊNCIA EM HQS NACIONAIS DE TERROR,
JOE BENNETT TEM CRIADO CENAS PERTURBADORAS EM
THE IMMORTAL HULK, EM QUE O SOBRENATURAL É A REGRA