VOX - #11

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Digest, por exemplo). Sempre li
muito, cedo comecei a escrever poe-
mas e a compor letras de músicas”,
relembra Vinícius.
Segundo ele, foi a partir dos
15 anos que começou a publicar
poemas numa seção do Jornal “O
Adamantinense” chamada de “Can-
tinho do Estudante”. “Encantei-me
com o ambiente do jornal e logo
comecei a passar tardes ali como
colaborador. Inicialmente encartava
páginas e ajudava na composição
procurando clichês, mas logo comecei a fazer
pequenas reportagens sobre temas do cotidiano
da cidade, estimulado pelo elétrico José Mario
Toffoli e pelo ‘boa praça’ do Celestino” conta.
Aos 16 anos, Vinícius já escrevia e editava
longos textos e meses depois escrevia até os edi-
toriais do jornal. Recebeu a carteira de jornalista
aos 16 anos, e foi a São Paulo para cobrir o “Mo-
vimento das Diretas Já”, oportunidade em que
se encontrou com Tancredo Neves. “Critiquei
duramente a refutação da ‘Emenda das Diretas’,
o que repercutiu até em Brasília e provocou um
telefonema de setores da repressão ao Jornal. Foi
meu último Editorial em “O Adamantinense”,
mas continuei a escrever reportagens”.
Dentre as curiosidades de sua história está
o PT - Partido dos Trabalhadores. Quando este
lançou Lula candidato, Vinícius se envolvia com
as propostas de um Socialismo Democrático,
oportunidades iguais para todos os brasileiros,
quando seu pai, Octávio, foi o primeiro candida-

to a prefeito do PT em Adamantina.
“Tenho enorme orgulho disso”.
Ainda muito jovem em Adaman-
tina, começou a ter conversas literá-
rias com seus professores Alfredo
Peixoto, Diretor da Fafia, e Gilson
Parisoto, Diretor do Colégio Anglo.
“Venci um Concurso de Poesias com
o título: ‘Fruto do Capitalismo’, com
uma crítica ácida à ganância e ao
egoísmo”, conta com entusiasmo.
Participava de discussões políticas
com o socialista e idealista Fausto
Ramos, esposo da professora Ivone
Ramos – ela também grande influ-
ência intelectual e afetiva. O jornal
também o aproximou do vereador
Galvão e do “grande líder político de
toda uma geração de jovens ada-
mantinenses”, Sérgio Gabriel Seixas.
“Passei noites circulando pela cidade
na velha caminhoneta do Sérgio
Seixas, que era um insone inquieto,
visitando obras e discutindo propos-
tas para o futuro da cidade. Foi um
enorme aprendizado”, relata.
Sua passagem, segundo ele, para
a vida adulta foi quando foi receber o Prêmio Li-
terário na capital do estado, que o levou a conhe-
cer a Academia Juvenil de Artes (AJA), sediada
na Biblioteca paulista. “Repliquei a ideia em
Adamantina e logo começamos a juntar músicos,
poetas, cantadores, pintores e atores em torno de
uma companhia amadora de teatro. O momento
era abertura democrática, com um pé na ditadu-
ra e outro na esperança de democracia. Decidi
escrever e montar uma peça de teatro que fosse
uma alegoria dos tempos que vivíamos. Sempre
tive muita vontade de participar das mudanças.
Havia efervescência na Cultura, com Sérgio Ge-
naro na Secretaria da Cultura e o sonhador Bira
(primeira vítima fatal da Aids que conheci, num
momento em que a doença se mostrava conta-
giosa e incurável) que trazia novidades. Entre as
amizades eternas que nasceram desse encontro
cultural foi a de Maria Cristina Dias, compa-
nheira de muitos sonhos e, alguns anos mais
tarde, sócia em empreendimentos jornalísticos e

Aos 16 anos,
Vinícius já
escrevia e editava
longos textos e
meses depois
escrevia até os
editoriais do
jornal

18 REVISTAVOX.COM | DEZEMBRO 2018

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