Elle - Portugal - Edição 374 (2019-11)

(Antfer) #1
ELLE PT 71

CABELO: MARA ROSZAK/STARWORKS ARTISTS. MAQUILHAGEM: MOLLY R STERN/STARWORKS ARTISTS COM BASE FOREVER DA DIOR E BATOM ADDICT STELLAR SHINE DA DIOR. – MANICURE: THUY NGUYEN/STARWORKS ARTIST COM VERNIZES DIOR E CREME DE MÃOS CAPTURE TOTALE. ASSISTENTE DE MODA: CONOR BOND. PRODUÇÃO: SAMANTHA ROCKMAN. A EQUIPA FICOU HOSPEDADA NO THE NOMAD HOTEL, EM LOS ANGELES (THENOMADHOTEL.COM).


Qual foi a última coisa espontânea que fizeste?
Conduzi até Big Sur. Espontaneamente. Também gosto de
fazer noites de cinema.
Uau, ir ao cinema. A viver no limite, Cara! Estás a viver para
o teu perfil público. Conheci ‑te quando eras uma adoles‑
cente louca. Ainda és?
Ah, só tens de esperar até eu ter uns dias de descanso.
Depois, volto a enlouquecer. Este ano, não fui a Glaston‑
bury nem ao Burning Man, o que é triste. Quando era
mais jovem, podia ser louca e trabalhar. Agora não posso
fazer as duas coisas.
Estás numa relação estável atualmente, e revelaste isso
mesmo quando recebeste o prémio Hero Award do Trevor
Project [uma organização nacional não lucrativa dedicada a
garantir intervenção em casos de crise e serviços de preven‑
ção do suicídio em jovens da comunidade LGBTQ baseada
em Nova Iorque – Cara foi acompanhada pela sua parceira,
a atriz Ashley Benson]. No teu discurso disseste que estavas
verdadeiramente apaixonada. O que é o amor para ti?
Sou melhor quando estou apaixonada. E não tem de ser por
outra pessoa. Pode ser por mim. Mas é incrível não estar
sozinha e enfrentar o mundo com outra pessoa.

Porque é que hesitaste em falar sobre a tua vida amorosa
na imprensa?
Porque é sagrada. Percebo que as pessoas se interessem
tanto e não quero ser secreta ao ponto de pensarem que
tenho vergonha de alguma coisa. Mas nunca estive numa
relação tão pública, ou na qual tenha publicado fotos de
alguém. Isto parece diferente. Chegámos ao ponto de querer
guardar segredo, ou, pelo menos, de não querer atenção,
e agora sinto que vou orgulhar‑me disto. O que não é a mesma
coisa de querermos posar na passadeira vermelha juntas. As
pessoas fazem as suas suposições e é isso que me preocupa.
Porque se é uma coisa tão boa, não queremos que ninguém
mude isso, mesmo que as pessoas não tenham esse poder.
Disseste que o mote da tua vida é “aceita a tua estranheza”.
Como é que aceitaste a tua?
Quando digo “aceita a tua estranheza”, significa que devemos
aceitar as coisas das quais não gostamos em nós. Durante
algum tempo, para mim, isso era quase tudo. Mas aprendi
a aceitar todas as coisas que encontro em mim, sejam elas
boas ou más. Afinal de contas, apaixonei ‑me por alguém
por causa dos seus defeitos. E aprendi a amar ‑me também
com todas as minhas falhas. n
CARA DELEVINGNE É ROSTO DA DIOR BEAUTY
E PROTAGONIZA CARNIVAL ROW, SÉRIE DA AMAZON PRIME.

nada. E não era que me achasse bonita – a pessoa que estava
nos anúncios é que era. Tornou ‑se uma forma distorcida de
ver o mundo. Sabia que isso não contribuiria para um estilo
de vida saudável nem para a interação humana.
Quais são os atores que mais admiras?
Todos com quem trabalhei hoje: Tilda Swinton, Helen
Mirren. Mais? Jennifer Lawrence, Phoebe Waller ‑Bridge.
As mencionadas são todas mulheres. É bom trabalhar
em Hollywood numa época em que o sexo feminino está a
ganhar poder e controlo?
Sim. Mas, às vezes, sinto que estamos na mesma. Na minha
opinião, especialmente nestes movimentos, assim que temos
uma hashtag para qualquer coisa, sentimos que está feito.
Mas não é esse o caso. Está a começar e penso que as pessoas
precisam de se lembrar que [a discriminação de género] está
sempre a acontecer. As mulheres têm mais oportunidades,
mas ainda há pessoas que estão exatamente iguais ao que

eram há três anos. Não basta colocar uma hashtag nas redes
sociais e esperar que o problema desapareça.
Partilhaste publicamente a tua história com Harvey Weins‑
tein, recordando o dia em que ele pediu para fazer um trio
contigo e outra mulher. Foi terapêutico partilhar isso?
Não pensei nisso durante cinco anos, até que a Rose McGo‑
wan falou. Estranhamente foi terapêutico, mas eu não tinha
lidado com isso. Eu não sabia o que era o assédio. Espero que
[Harvey] seja condenado e, claro, quero que se faça justiça.
Acontece que quase todas as mulheres que conheço ou com
quem trabalhei já foram assediadas ou agredidas de alguma
forma. E eu simplesmente não sabia disto.
A tua nova série, Carnival Row, é uma referência às crises
modernas. O que devo saber sobre ela?
É um mundo de fantasia neovitoriano e eu faço de uma fada
bissexual. É uma discussão sobre imigração e a crise dos
refugiados num mundo de fantasia. Tem muitas histórias e
muitas personagens e criaturas diferentes. É feita para geeks
e fanáticos e pessoas que gostam de ir para as profundezas de
outro mundo. Para ser honesta, se não tivesse o texto para
ler, não sei se iria perceber tudo desde o início.
O que é que a Cara Delevingne faz para relaxar?
Gosto de ser espontânea. Todos os outros momentos da
minha vida são planeados.

“PERGUNTEI À HELEN MIRREN: ‘JÁ ALGUMA VEZ FEZ
ALGUMA COISA QUE FOSSE FÁCIL?’ ELA DISSE: ‘NUNCA.’”
Free download pdf