Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-24)

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Banco Central do Brasil

Jornal O Globo/Nacional - Opinião
terça-feira, 24 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Enfim, João Doria saiu da disputa para a Presidência
numa boa hora - poderia até ter saído antes -, terá
tempo para rever suas posições e voltar a competir pelo
próprio partido, já que não saiu rompido. Ele tentou
superar a barreira da cúpula do PSDB, mas ela era
intransponível. Na verdade, Doria nunca contou com a
boa vontade do grupo e não soube se impor ao partido
na base do diálogo e da confiança.


Quis se impor pelos resultados -e tinha toda a razão,
porque fez um bom governo, mas sua figura pública
arrogante e não condizente com a realidade não
conseguiu convencer os eleitores. Seria um candidato
teoricamente forte se tivesse sido apoiado pelo
eleitorado de São Paulo. Tinha muita confiança em si
mesmo e se esqueceu de que, sozinho, não conseguiria
superar todos os obstáculos.


Na fala de ontem, feita com tranquilidade, reconheceu
que se excedeu e acelerou demais quando não devia. O
PSDB tem como fortaleza de resistência apenas o
governo de São Paulo, e caso o perca - caminha para
isso - será uma tragédia para o partido. Doria entendeu,
afinal, que não poderia ser o responsável pela maior
derrota do PSDB.


Agora, deverá ser lançada a chapa Simone Tebet, do
MDB, com um vice tucano de peso, que pode ser Tasso
Jereissati ou Eduardo Leite. Mas há muita gente no
PSDB querendo apoiar Bolsonaro; provavelmente o
apoio a ela não será unânime, e, se não aparecer com
perspectiva de vitória, ela será abandonada tanto pelo
PSDB quanto pelo MDB. E devido a essa rachadura nos
dois partidos que tucanos históricos querem lançar uma
candidatura própria para garantir a continuidade do
partido.


O baque da votação de Alckmim em 2018, que não
chegou a 5% do eleitorado, pode se repetir nesta
eleição, o que decretará o fundo do poço tucano. O
PSDB não pode nem mesmo repetir o MDB, que
desistiu deter candidatos à Presidência da República
para reforçar suas bancadas e ganhar poder de
barganha. Os tucanos não têm essa capilaridade toda,
nem unidade partidária. O candidato do partido, se sair,


será lançado às feras.

"PSDB tem como fortaleza de resistência apenas o
governo de São Paulo, e caso o perca será uma
tragédia para o partido"

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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