Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-24)

(Antfer) #1

Inflação persistente e juros altos formam o novo cenário global


Banco Central do Brasil

Jornal O Globo/Nacional - Economia
terça-feira, 24 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

Clique aqui para abrir a imagem

Autor: VITOR DA COSTA


O cenário de inflação sob controle e juros baixos parece
estar com os dias contados. Os choques na cadeia de
fornecimento, devido à pandemia e à invasão da
Ucrânia, manterão os preços altos por um bom tempo.
Os bancos centrais de várias partes do mundo
começaram a elevar suas taxas básicas a fim de tentar
controlar a alta dos preços - e agora se veem com o
desafio de conter a inflação e, ao mesmo tempo, evitar
a desaceleração da economia. Estados Unidos, Reino
Unido e Austrália elevaram os juros recentemente,
assim como os emergentes Brasil, Índia, Argentina e
Chile. O Banco Central Europeu já sinalizou que o fará
em breve. A tarefa de conter a inflação foi dificultada
pelos choques na economia global, como os recentes
lockdowns na China, por causa da Covid-19, e a guerra
na Ucrânia. Além disso, o conflito colocou no radar a
menor colaboração comercial entre os países, que é
outro fator inflacionário.


As empresas começaram a rever suas políticas de
segurança energética e de produção. Isso pode levar
multinacionais a realocarem sua produção, hoje


concentrada em países onde o custo é mais baixo, o
que elevaria os preços.

Sem falar na chamada inflação verde, ou seja, a alta de
custos decorrente da transição energética.


  • Quando você olha essas questões das cadeias de
    suprimento, que vão torná-las mais caras e menos
    eficazes, a inflação verde e as questões demográficas,
    tudo aponta para um mundo mais inflacionário - afirma o
    ex-diretor do BC e estrategista-chefe da WHG, Tony
    Volpon.


Os BCs agora estão em uma encruzilhada. Caso
apertem demais oscintos, podem provocar uma
desaceleração da economia, e já há analistas que falam
em uma possível recessão. Por outro lado, se não
tomarem medidas mais firmes, a inflação pode se
disseminar ainda mais, deteriorando a renda das
famílias. OS BCS TÊM CULPA? A partir de março de
2020, os BCs reduziram fortemente os juros para
arrefecer os impactos da pandemia. No Brasil, por
exemplo, a Selic foi à mínima histórica de 2%. Hoje,
está em 12, 75%.

Houve ainda injeção de dinheiro na economia, tanto
com compra de títulos no mercado, como fez o Fed,
quanto na distribuição de auxílio à população, caso do
Brasil.

Para Volpon, a demora dos BCs, principalmente de
economias desenvolvidas, em agir contra a inflação
contribuiu para o atual cenário: -Já no fim de 2020,
descobrimos que íamos ter vacinas. Naquele momento,
deveria ter ficado claro que as economias não
precisavam de tanto estímulo. Nos Estados Unidos, o
atraso foi descomunal.

Além dos estímulos, houve um descasamento entre
oferta e demanda. Com as medidas restritivas adotadas
contra a Covid-l9, as cadeias globais de suprimentos
sofreram fortes gargalos, e o investimento em produção
diminuiu.
Free download pdf