Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-24)

(Antfer) #1

Infelizmente, a pandemia continua


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
terça-feira, 24 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Clique aqui para abrir a imagem

O momento da pandemia é relativamente favorável no
Brasil. A taxa de letalidade tem os menores valores
estáveis desde o início da crise. As ocupações de UTIs
finalmente se encontram em patamares não críticos. Em
consequência, o governo federal decretou o fim da
Emergência de Saúde Pública Nacional e Estados e
municípios estão reduzindo ao mínimo as medidas
restritivas. 'Trata-se de um armistício entre variantes
virais e brasileiros', apontou a Fiocruz em seu mais
recente Boletim Observatório Covid-19. 'A armadilha, no
entanto, é crer que a bandeira branca foi hasteada.'


Armistício não é paz duradoura. É o momento de
recobrar as forças e realinhar as defesas para dissuadir
o inimigo de novas agressões. Paradoxalmente, a
sensação de que a pandemia acabou é o principal fator
a pôr em risco o seu afastamento definitivo.


O sinal mais evidente desse risco é a estagnação da
cobertura vacinai. Justamente quando as vacinas
permitiram a uma população exausta abandonar
defesas paliativas, como o distanciamento ou as
máscaras, intensificar a imunização é mais, não menos,
importante.


Contudo, a Fiocruz alerta para a estagnação no
crescimento da aplicação da segunda dose na
população adulta, além da desaceleração da curva de
cobertura da terceira dose, sugerindo uma saturação da
população na busca pelos imunizantes. Os idosos foram
vacinados no início de 2021, e a negligência em relação
às doses de reforço desperta preocupações com um
possível aumento de casos e óbitos nesse segmento.

Mas o maior desafio é superar o déficit da imunização
das crianças de 5 a 11 anos: 60% tomaram a primeira
dose, mas só 32% estão com o esquema vacinai
completo.

Vale lembrar que, se nos países de renda média e alta a
pandemia está controlada, nos países de baixa renda 1
bilhão de pessoas não se vacinaram, como advertiu na
75.a assembléia anual da Organização Mundial da
Saúde o seu diretor-geral, Tedros Adha-nom. E só 57
países, um terço do total, atingiram a meta de imunizar
70% da população. O surgimento de novas variantes,
aptas a penetrar defesas erguidas pelos imunizantes, é
uma preocupação constante. Quanto antes o inimigo for
batido aqui, mais fácil será vencê-lo no resto do mundo.

As vacinas estão amplamente disponíveis no Brasil.
Isso aumenta a responsabilidade do poder público de
intensificar as campanhas de conscientização. Infeliz-
mente, hoje não se pode, como nunca se pôde, contar
com o Palácio do Planalto, que faz de tudo para fingir
que a ameaça desapareceu. Isso só redobra a
necessidade de atuação dos governadores. Estados
como Amapá, Roraima ou Pará, que apresentam as
maiores lacunas entre as coberturas com a primeira e
segunda doses, deveríam emular as políticas adotadas
por governos como o de São Paulo ou Piauí, que têm se
destacado por uma alta cobertura desde a primeira
dose.

'Para hoje, há uma paz armada contra a Sars-CoV-2.
Boas notícias, mas que não podem desmobilizar e fazer
baixar a guarda', alerta a Fiocruz. 'O momento requer
Free download pdf