Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-24)

(Antfer) #1

Um quadro sombrio para a educação


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e
Informações
terça-feira, 24 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Davos

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Em relatório intitulado Minimizando as Cicatrizes da
Pandemia, o Fundo Monetário Internacional (FMI)
diagnosticou a dimensão e a complexidade das
sequelas socioeconômicas a serem enfrentadas, como
perdas na produção econômica, desemprego, dívida
das empresas, vulnerabilidades das indústrias ou
déficits de aprendizagem.


No caso do Brasil, a educação é possivelmente o setor
no qual a sequela é mais grave. Duplamente grave.
Primeiro pelo impacto em si da ruptura, devido ao
fechamento desproporcional das escolas. Depois,
porque de todas as sequelas ela é a mais
negligenciada.


O Brasil esteve entre os países onde as escolas
permaneceram fechadas por mais tempo. Em 2020, por
exemplo, enquanto a média entre os países da OCDE
foide 44 dias letivos, no Brasil foram 178.


O fechamento impactou o acesso à nutrição e serviços
de saúde como programas de vacinação para muitas
crianças pobres, além dos abalos à saúde emocional
com o declínio das interações sociais.


Os retrocessos na acumulação de capital humano
tendem a ser brutais, pesando sobre a produtividade e a
desigualdade por décadas. Além da redução do capital
humano em si, as perdas de capital físico se traduzirão
em menos investimentos. O declínio nos níveis de
habilidades tende a aumentar o trabalho informal e
ampliar as desigualdades.

O FMI calcula que os ganhos médios dos estudantes
brasileiros impactados pelo fechamento das escolas
serão 9, 1% menores ao longo da vida. É o terceiro pior
resultado entre os países do G-20. Escusado dizer que
essa é uma média. As perdas serão muito maiores para
as classes baixas. Em perda de aprendizado, o País
está na penúltima colocação.

Um levantamento da Unesco, do Unicef e do Banco
Mundial sumariou as diretrizes para Um Caminho de
Recuperação. Manter as escolas abertas é prioridade.
Isso seria óbvio, não fosse o histórico do Brasil e os
recorrentes flertes com mais fechamentos. Ante
eventuais novos surtos, é inaceitável que protocolos
como redução do tamanho das classes e sistemas de
turnos não sejam aplicados.

O primeiro passo para a recuperação é desenvolver
sistemas de avaliação dos níveis de aprendizado dos
estudantes que reflitam seus contextos e subgrupos.
Essas avaliações serão cruciais para subsidiar os
programas de recuperação. Esses programas devem
ser modulados com uma mescla de técnicas
comprovadas, como consolidação do currículo,
extensão do tempo de aula ou aumento da eficiência do
ensino por meio de uma instrução focada, pedagogias
estruturadas, grupos seletos de tutoria e programas de
ensino autoguiados.

Além das perdas de aprendizagem, é essencial mitigar
as perdas socioemocionais com programas de apoio
psicossocial às escolas.

Há várias boas práticas no mundo a serem emuladas. O
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