Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-24)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Negócios
terça-feira, 24 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Davos

vendo em Davos neste ano. A matriz de risco no mundo
foi ampliada e, por isso, vamos ter de discutir e
encontrar saídas para essa crise. Nós temos de vencer
essa crise. E o mundo vai precisar de uma nova
governança.


Lazari: Há essa urgência em vencer essas crises locais
e mundial. O grande pano de fundo que se fala em
Davos é para onde caminha a globalização. Vinte anos
atrás, por exemplo, a preocupação era apenas como
produzir mais barato, mais rápido e com qualidade, sem
(0 comprador) se importar de onde viríam os produtos.
Com a pandemia e a guerra, as redes globais de
fornecimento acabaram sendo questionadas. Será que
não seria melhor o meu fornecedor produzir perto de
mim para que eu não sofresse com a falta?


Mas esse discurso antiglobalização já acontece, pelo
menos, desde 2016 durante a primeira campanha do
ex-presidente dos EUA Do-nald Trump, que falava de
'America First'.


Trabuco: O que nós estamos vivendo no século 21 é um
ressurgimento da chamada polarização política
internacional, com guerras comerciais. O America First
(que consistia napriorização dos Estados Unidos ante a
um pensamento mais globalista') prometia um
crescimento exuberante da economia... E você tem
razão quando fala que essa polarização não é algo de
agora. Estamos em um processo de transição histórica.
A globalização está passando por um momento de
revisão, mas não significa que o mundo vai se
desglobali-zar. Não existem países no mundo que
façam bem tudo, pois eles continuam com vantagens
competitivas e comparativas. O nacionalismo e o
ressurgimento de países se fechando são discursos
políticos, mas isso não vai perdurar porque a estrutura
competitiva do mundo é complementar.


Lazari: O que nos parece é que essa reflexão voltou
para a mesa. O Brasil não consegue produzir tudo,
assim como os EUA também não conseguem. Então,
não dá para ficar nos extremos: nem nacionalista e nem
mercado aberto no extremo.


O Brasil pode se aproveitar deste momento para
acelerar o crescimento e também começar a
desenvolver produtos de alto valor agregado por aqui?
Trabuco: As cadeias produtivas passaram por
turbilhões. E as vantagens competitivas do Brasil nesse
mundo de transição são evidentes. O País não pode se
fechar para o comércio internacional e acreditar que vai
entrar e produzir intemamente tudo. Para se fabricar um
carro ou veículo, por exemplo, vai se precisar de
insumos e de fornecedores de fora. A questão industrial
no Brasil está colocada. Somos autossuficientes no
agronegócio, por exemplo, e temos de sofisticar e
pensar o agronegócio de uma maneira mais ampla,
além das commodities. Ao mesmo tempo, não podemos
ficar dependentes em produtos mais simples. Não se
pode importar todos os produtos industriais, como
seringas e máscaras, como vimos na pandemia.

Lazari: Para se desenvolver produtos de alto valor
agregado se levam décadas. O Brasil produz hoje
aeronaves sofisticadas, mas isso levou muito tempo
para se desenvolver. Não é só a questão de (produzir
uma) máquina, mas também existem os profissionais
para operar, além do desenvolvimento e também
insumos que não estejam no Brasil. Então, às vezes
não vale a pena investir em determinadas áreas - e isso
não é só no Brasil, mas no mundo inteiro. Todo mundo
tem dependência do outro, mas precisamos diminuir
essa dependência.

E quanto à questão ambiental? A imagem do Brasil não
está das melhores, ainda mais com a piora dos números
do desmatamento. Como os investidores estão de olho
nisso?

Trabuco: É um tema que te-

'O contexto do Brasil enquanto país está sendo - e será
ainda mais - um porto muito seguro para o fluxo de
capitais internacional

'Temos de vender a ideia de que o Brasil é uma
potência verde no mundo e de que consegue um agro
sustentável, que é aquilo que faz a cabeça do mundo'
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