Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-24)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Negócios
terça-feira, 24 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Davos

Luiz Carlos Trabuco Presidente do conselho de
administração do Bradesco


Trabuco (esq.) e Lazari veem a volta dos apelos por
produção nacional, mas não acreditam em ampla
'desglobalização'


-mos de trabalhar constantemente. Temos de vender a
ideia de que o Brasil é uma potência verde no mundo e
que consegue ter um agro sustentável, que é aquilo que
faz a cabeça do mundo. A agenda ambiental veio para
ficar. Em qualquer fundo de investimento, essa ideia
está presente. A própria Alemanha tem compromissos
bastante definidos com a neutralização de carbono, mas
está mudando a matriz energética e pode ser mais
poluente. Logo, ela vai depender da compra de créditos
de carbono no mundo. E estudos mostram que está
sendo estabelecido um mercado de carbono do Brasil
para o mundo.


O País, no entanto, também tem enfrentado uma crise
de imagem com as ameaças do presidente Jair
Bolsonaro às eleições. Isso não traz temores aos
investidores?


Trabuco: O Brasil é um país de oportunidades. Temos
mercado interno e uma autossuficiên-cia em vários
produtos e matérias-primas, especialmente nas
commodities agrícolas e minerais. Também temos uma
democracia robusta e o reconhecimento de um sistema
judiciário que funciona. O contexto do Brasil enquanto
país está sendo - e será ainda mais - um porto muito
seguro para o fluxo de capitais internacionais. Sendo
bem objetivo: o Brasil tem vantagens comparativas com
outros países. Só não podemos sair da direção certa.


Mas os senhores não acreditam que podemos enfrentar
problemas nas eleições no Brasil?


Trabuco: Acreditamos que as instituições são sólidas e
são fundamentais para a nossa democracia. Os três
Poderes estão funcionando e são as bases que o
mundo tem do Brasil e em relação à nossa democracia.
Essa é a mensagem que colocamos. O Bradesco
acredita no Brasil há 8o anos e é uma confiança na


capacidade de o País se superar. O debate eleitoral é
tenso em qualquer lugar do mundo. Então, o importante
é não ter desvios, e isso é o que nós estamos
colocando.

Essa é a visão que os estrangeiros têm do Brasil?

Lazari: Nós, que somos brasileiros, acabamos tendo
uma percepção mais forte sobre o que está
acontecendo do que o estrangeiro. Estivemos com dois
executivos muito importantes do mundo dos negócios
(Philipp Hildebrand, vice-presidente do conselho do
fundo BlackRock, e Satya Nadella, CEO da Microsoft), e
o sentimento deles é de que o Brasil tem uma
democracia consolidada. Pode até ter uma discussão
mais ferrenha de um lado ou do outro, mas a
democracia é consolidada e não corremos riscos em
relação a isso. A eleição será aguerrida, mas acredito
que aquilo que foi construído está preservado e não
teremos esse tipo de problema.

Mas o Brasil não está passando por um problema de
falta de planejamento de longo prazo para temas
importantes como educação, por exemplo?

Trabuco: O planejamento é uma ação importante para
as pessoas e para o País. Planejamento estratégico é
planejar aonde queremos chegar e como. Você falou de
educação e esse é um dos temas do fórum de Davos.
Fizeram uma pesquisa com milhares de CEOs ao redor
do mundo e, até 2026, vamos ter de fazer o que eles
chamam de 'retreinamento' do capital humano. O
desafio é muito frequente na área digital e mexe nas
estruturas de gestão de recursos humanos e do
comando e controle. Hoje, existem outros conceitos de
gestão, como a resi-liência da mão de obra. Mas os
empregos serão diferentes. No campo, por exemplo,
máquinas como tratores e colheitadeiras são quase
miniestações de informática. Então, o planejamento é
algo de que precisamos.

E qual o sinal que o presidente que assumir o País em
2023 precisará mostrar?

Trabuco: Uma visão projetiva de onde estamos e de
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