Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-24)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Negócios
terça-feira, 24 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Davos

aonde podemos chegar. No momento pós-eleitoral,
existe uma energia muito grande para fazer as coisas
acontecerem.


Mas o que precisa ser feito para se dar esse sinal?


Lazari: Temos de mostrar, em conferências globais, o
que o País pretende fazer, como privatizações e
projetos de infraestru-tura. Assim, trazemos visibilidade
ao projeto. Sem confiança, não tem investimento. As
reformas administrativa e tributária também são
importantes, mas não serão o diferencial.


Os quatro maiores bancos privados tiveram uma alta de
17,7% no lucro no primeiro trimestre e as fintechs estão
sofrendo na Bolsa. Os senhores acreditam que houve
um exagero no culto às fintechs?


Lazari: As taxas de juros mais altas trazem um benefício
para os bancos incumbentes, que estão no mercado há
muito tempo. Mas existe uma releitura do mercado
como um todo, e não só do setor financeiro. Tiveram
empresas que atravessaram a linha e, hoje, já estão
dando lucro e, mesmo assim, perderam o valor de
mercado. Mas aí o investidor olha as taxas de juros
subindo, e em tudo quanto é lugar. Vai diminuir o apetite
ao risco. E a precificação não aconteceu só com as
fintechs, mas também nos setores industrial, varejista,
entre outros. É natural que, num mercado com liquidez
mais restrita, as empresas que dão lucro e pagam
dividendos tenham mais preferência do investidor do
que as de companhias de crescimento.


Diante de tantas fintechs sofrendo nas Bolsas, o
Bradesco está de olho em oportunidades de
aquisições?


Lazari: Se olharmos ao longo da história do banco, o
Bradesco sempre foi comprador e nunca deixamos de
olhar as oportunidades. Compramos há pouco um
banco nos Estados Unidos (BAC, em outubro de 2020)
e também 50% do Digio (banco digital) recentemente.
Claro que, como as empresas tendo repre-cificações,
obviamente vamos olhar essas oportunidades com mais
atenção.


Como fica a liberação do crédito com uma taxa de juros
próxima a 13%?

Lazari: O aumento da taxa de juros impacta
naturalmente o valor de crédito que você coloca à
disposição. Todo o crédito no varejo é dado em cima de
modelos estatísticos e matemáticos. Se você passa a
taxa de 2% a 13%, como foi feito recentemente,
naturalmente se exclui uma parte da população por
causa do aumento do risco. Quando se olha o lado das
grandes empresas, elas vão esperar para fazer um
investimento no longo prazo, pois é difícil encontrar
algum investimento para suportar uma taxa de juros
desse tamanho. Então, as grandes empresas vão
esperar a taxa de juro começar a cair, o que deve
acontecer a partir do ano que vem.

Quais são os efeitos que o banco tem visto em seu
balanço?

Lazari: No primeiro trimestre, a nossa originação de
crédito já foi menor do que no último trimestre do ano
passado. Outro exemplo é o crédito imobiliário, que caiu
pela metade porque agora temos uma taxa de 15% - e
nós chegamos a fazer esse crédito em 4,5% ao ano. As
pessoas estão pensando mais antes de tomar esses
créditos. Quanto à inadimplência, ela cresceu em todos
os bancos, especialmente nas carteiras de maior risco,
como os cartões de crédito. Acreditamos que os
números vão continuar crescendo no segundo trimestre
e depois vamos ter uma estabilidade, mas em um
patamar que vai estar elevado.?

'As grandes empresas vão esperar a taxa de juro
começar a cair para investir, o que deve acontecer a
partir do ano que vem.'

'É natural que, num mercado com liquidez restrita,
empresas que dão lucro tenham mais preferência do
investidor do que as companhias de crescimento
Octavio de Lazari Jr.

CEO do Bradesco
Free download pdf