Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-24)

(Antfer) #1

Descuido vacinal


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
terça-feira, 24 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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São preocupantes os dados que mostram atrasos na
vacinação de crianças e jovens contra a Covid no país,
após uma bem-sucedida imunização dos adultos mais
velhos.


A Folha noticiou, a partir de números do Ministério da
Saúde, que mais da metade dos meninos e meninas de
5 a 11 anos que receberam a primeira dose da Pfizer
pediátrica ou da Coronavac nos primeiros meses do ano
podem estar com a segunda dose atrasada.


Ademais, apenas 30% dos brasileiros de 18 a 24 anos
de idade apresentam o esquema vacinal com as três
doses recomendadas desde dezembro do ano passado.
Os percentuais de adesão, aliás, decrescem com as
faixas etárias.


Parece intuitivo que a queda da letalidade do
coronavírus -a média diária de mortes deixou a casa
dos milhares e hoje ronda uma centena- leva a um
relaxamento com os imunizantes, a despeito da boa
procura inicial. Na população, mais de três quartos
tomaram duas doses ou dose única, segundo o
consórcio de veículos de imprensa.


Se os cuidados diminuíram na sociedade, do Ministério
da Saúde é que não se deve esperar maior diligência no
governo de Jair Bolsonaro (PL). Nunca será demais
lembrar que o presidente liderou uma ofensiva de
desinformação a respeito das vacinas contra a Covid.

Quanto ao público infantil, cumpre dizer que o cenário já
era alarmante antes da pandemia no que diz respeito a
outras doenças, com alta da chamada taxa de
abandono.

Isto é, os pais já vinham deixando de levar seus filhos
para completar a proteção contra, por exemplo,
sarampo, rubéola, caxumba (a tríplice viral, com duas
doses) e poliomielite (três doses).

No caso da Covid, esse movimento ganhou o estímulo
macabro das autoridades negacionistas. Em vez de
campanhas como as protagonizadas no passado pelo
Zé Gotinha, a pasta da Saúde ocupou-se de dificultar a
imunização infantil.

Além de minimizar a necessidade e a urgência da
vacina, defendeu uma despropositada consulta pública
para recomendar que crianças de 5 a 11 anos fossem
atendidas -desde que mediante a apresentação de
prescrição médica e consentimento dos pais.

Com a bem-vinda volta das aulas presenciais e diante
do aumento do número de novos casos e reinfecções,
todos os níveis de governo deveriam se articular para
promover a imunização completa de crianças e jovens,
com campanhas efetivas de esclarecimento.

A sociedade também precisa fazer sua parte. É
fundamental o retorno às atividades econômicas e
sociais, portanto não há motivo para retrocessos e
riscos no processo de prevenção da doença.

COLUNISTAS
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