Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-25)

(Antfer) #1

O dia depois da eleição


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
quarta-feira, 25 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Bruno Boghossian


Jair Bolsonaro percebeu que esbravejar no cercadinho
do Palácio da Alvorada não resolveria seu problema.
Depois de trocar o comando da Petrobras pela terceira
vez, o presidente começou a discutir com auxiliares uma
fórmula para segurar os preços dos combustíveis. A
ideia é evitar reajustes por 100 dias, mas alguns aliados
trabalham para que um aumento só ocorra depois da
eleição.


O represamento já existe na prática. Pela política atual,
a Petrobras deve acompanhar os preços do mercado
internacional, mas a pressão de Bolsonaro já fez com
que a empresa segurasse por dois meses o valor
cobrado pelo diesel. A gasolina está sem reajuste há 75
dias.


O objetivo do governo é congelar os preços por mais
tempo e de maneira oficial, com o objetivo de controlar o
impacto político dos reajustes. O problema -como em
tantas outras medidas improvisadas de Bolsonaro- é
que o plano tem um prazo de validade que se esgota ao
fim da campanha eleitoral.


Se quiser evitar reajustes sem criar uma nova política
permanente para os combustíveis, Bolsonaro pode ter
que contratar um tarifaço para depois da eleição. O
mundo enfrenta uma crise de energia que deve pesar
ainda mais sobre o petróleo, e o Brasil corre um risco de
desabastecimento que vai pressionar o valor cobrado
pelo diesel.

O que deve levar algum alívio às bombas e amenizar os
prejuízos políticos do presidente será a redução de
impostos estaduais em discussão no Congresso. A
limitação do ICMS sobre a gasolina e o diesel pode
permitir alguma redução de preços e até criar espaço
para que a Petrobras faça um leve reajuste.

A conta desse controle artificial chegará com o fim da
eleição. Caso a redução de impostos não seja suficiente
para equilibrar os preços, será praticamente impossível
evitar novos aumentos. Vitorioso, Bolsonaro terá que
aceitar um reajuste significativo depois da campanha ou
fechar ainda mais o cerco sobre a Petrobras. Derrotado,
ele deve passar o problema ao sucessor.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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