Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-25)

(Antfer) #1

Fábio Alves - Era uma vez o dragão chinês


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia &
Negócios
quarta-feira, 25 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Os indicadores de atividade econômica da China de
abril foram tão ruins que houve analista falando até em
'colapso' do segundo maior PIB mundial, deixando no ar
a dúvida se os dados do mês passado são apenas um
ponto fora da curva ou um prenúncio de uma
desaceleração bem mais forte do que a prevista pelo
mercado ou pelo governo chinês.


Maior comprador mundial de commodities, como
petróleo, minério de ferro e soja, a China tem uma
influência crucial no desempenho da balança comercial
brasileira. Nesta semana, a imprensa chinesa divulgou
que o governo está preparando um pacote de 33
medidas para estimular a economia, incluindo corte de
impostos no valor de US$ 21 bilhões, além de
empréstimos às pequenas empresas.


Será suficiente diante da piora acentuada dos dados de
atividade em abril? As vendas no varejo caíram 11, 1%
6 em comparação com igual mês de 2021. Os analistas
esperavam queda de apenas 5, 4%. A produção
industrial recuou 2, 9%, enquanto o mercado previa um
crescimento de 1%. E as vendas de moradias
despencaram 32, 2% entre janeiro e abril ante igual


período de 2021.

O preocupante é que esses resultados bem abaixo do
esperado ainda não se refletem nas projeções da
maioria dos analistas para o desempenho do PIB chinês
em 2022. Por enquanto, a mediana das estimativas do
mercado aponta para um crescimento de 4%, que já é
bem abaixo da meta do governo chinês para o PIB
deste ano, ao redor de 5, 5%.

Para entregar essa meta, as autoridades chinesas já
começaram a agir, embora timidamente. O Banco do
Povo da China (PBoC, o BC chinês) reduziu a taxa de
juros de referência para empréstimos de cinco anos ou
mais, de 4, 60% para 4, 45%, numa tentativa de
estimular financiamentos imobiliários e aquecer a
compra de moradias.

É pouco. Até porque o PBoC manteve a taxa básica de
juros inalterada. O governo chinês precisa abrir os
cofres e aumentar o investimento público em projetos de
infraestrutura, por exemplo.

Mas todo esse estímulo prometido pode ir por água
abaixo em razão da política de 'covid zero' em vigor. A
última onda de novos casos da variante Ômicron levou
a severas medidas de restrição de mobilidade, com a
imposição de lockdowns às mais importantes regiões da
economia.

De que adianta cortar juros ou impostos se as pessoas
não podem comprar moradias, bens duráveis ou
serviços por estarem confinadas em casa? Enquanto a
política de 'covid zero' seguir como está em vigor, a
demanda chinesa nunca irá se recuperar totalmente
porque novos surtos levarão a lockdowns, afetando a
economia.?

Enquanto a política 'covid zero? seguir como está, a
demanda chinesa não irá se recuperar

COLUNISTAS
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