Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-25)

(Antfer) #1

Cresce o medo de fome por bloqueio russo


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Folhamais
quarta-feira, 25 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Davos

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Autor: David Stout, Benoit Van Overstraeten e Kate
Abnett


ODESA (UCRÂNIA) E DAVOS | REUTERS E AFP Os
intermináveis campos de trigo perto de Odessa, no
sudoeste da Ucrânia, anunciam uma colheita
abundante, mas Dimitri Matuliak só imagina quantas
pessoas poderiam morrer de fome.


À guerra tem sido dura para o agricultor de 62 anos. No
primeiro dia da invasão, um bombardeio atingiu um de
seus armazéns, reduzindo a cinzas cerca de 400
toneladas de ração animal.


'Minha voz treme e as lágrimas voltam aos meus olhos
por causa do número de pessoas que conheço que já
morreram, quantos familiares estão sofrendo e quantos
foram para o exílio', disse à AFP Mas o pior pode estar
por vir.


Estacionados na península de Crimeia após sua
anexação em 2014, os russos ainda não
desembarcaram nas praias de Odessa como se temia,
mas seu bloqueio no Mar Negro provoca devastação


econômica na Ucrânia e ameaça de fome muitos outros
lugares.

Celeiros e portos de toda a Ucrânia estão
transbordando com milhões de toneladas de grãos sem
destino de exportação devido ao cerco russo que está
sufocando o país.

No temperado sul da Ucrânia, a colheita de verão deve
começar nas próximas semanas, mas poucos sabem
onde o trigo será estocado nesta temporada,
alimentando temores de que grande par te dos grãos e
outros produtos estraguem.

'É brutal que um país desperdice comida assim e outras
pessoas fiquem pobres e famintas', diz Matuliak. 'É uma
atrocidade, é selvagem. Não há outra maneira de dizer
isso', acrescenta. Embora o foco esteja na batalha no
leste da Ucrânia, o bloqueio do Mar Negro pode
desencadear consequências mais amplas nos preços
dos alimentos e na fome. Antes da invasão, a Ucrânia
era um dos celeiros do mundo, exportando 4, 5 milhões
de toneladas de produtos agrícolas por mês, incluindo
12% do trigo mundial, 15% do milho e metade do óleo
de girassol.

A guerra e o bloqueio da única saída marítima da
Ucrânia causaram o colapso do comércio, já que rotas
alternativas por estrada ou ferrovia não conseguem
absorver o volume de mercadoria. O secretário-geral
das Nações Unidas, António Guterres, oi inequívoco
sobre isso, alertando na semana passada que a guerra
'ameaça mergulhar dezenas de milhões de pessoas na
insegurança alimentar'. Até o momento, cerca de 20
milhões de toneladas de produtos alimentícios ficaram
bloqueados na Ucrânia, segundo autoridades locais.

No sul de Odessa, a crise é palpável. O porto está
vazio, sem entradas ou saídas há meses.

Por gerações, o poder econômico dos férteis centros
agrícolas do Leste Europeus e concentrou em Odessa,
com seu extenso porto e eixo ferroviário conectando os
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