Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-26)

(Antfer) #1

Vinicius Torres Freire - Governo de 2023 já começa mal


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Vinicius Torres Freire Jornalista, foi secretário de
Redação da Folha. É mestre em administração púb


O Congresso está agitado. Vota leis às baciadas no
'esforço concentrado' de aprovar medidas eleitoreiras e
outros favores antes do recesso da eleição, que começa
em julho. No país, parece haver a impressão de que
algo acontece. Não se trata de novidades, mas apenas
de pedaços do desabamento da nossa ruína
progressiva, como a matança no Rio.


A fome aumenta, coma maior inflação em quase 20
anos e os menores salários médios em pelo menos uma
década. Montes dos mais pobres estão largados nas
calçadas mais ricas do país, mas não há notícia de
revolta ou de saques de comida.


Talvez o Bolsa Família ou seu sucedâneo, o Auxílio
Brasil, sirva para manter o horror em fervura baixa,
quem sabe o prognóstico mais certeiro para o futuro
nacional.


Não aparecem mais 'manifestos' ou 'cartas de repúdio'
às ameaças de golpe ou à destruição ambiental de fato.


Não se trata mais dos mortos e dos sequelados da
Covid, com exceção dos parentes e amigos desse mais
de milhão de pessoas (666 mil mortos, por baixo, talvez
20% mais, fora aqueles que sofrem as consequências
duradouras da doença).

Mas, como se dizia, o Congresso está agitado, até mais
do que o governo, que terceirizou medidas eleitoreiras
para seus regentes parlamentares. Aprovam subsídios,
descontos de impostos, prorrogações de favores fiscais,
favores para empresas embutidos em medidas
privatizantes etc.

Ainda que a arrecadação de todos os governos (federal
e regionais) tenha crescido muito, o setor público
continua deficitário (isto é, faz dívida para pagar as
contas, mesmo sem levar em consideração a despesa
com juros).

Qualquer que seja ou venha a ser o resultado da
arrecadação, vai haver menos dinheiro entrando em
2023 por causa de favores fiscais. A arrecadação de
resto deve crescer menos, pois foi favorecida desde o
ano passado por inflação e preço de commodities em
alta.

Em 2023, qualquer governo terá de dizer como vai
evitar o crescimento da dívida pública, o assunto
primeiro e central de quem se eleger. Será um choque
de realidade para os eleitores ou, se não houver
solução para esse problema, a coisa toda começa a ir
para o vinagre já no ano que vem.

O país parece esquecido disso tudo, como se
estatelado por uma espécie de 'burnout' ou estafa de
crise, pela zoeira contínua de atrocidades ou viajando
sob efeito das drogas de tretas e fofocas de internet.
Talvez acredite que não seja possível fazer nada a não
ser esperar até a eleição.

E eleição de quê? De qual programa? Bolsonaro
reafirma a cada dia seus planos reacionários (pátria,
Deus, família, armas, controle do Supremo etc. ). Seus
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