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(Antfer) #1

Segurança pública a sete palmos


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Bruno Boghossian


Jair Bolsonaro pegou carona na operação policial que
terminou com 25 mortos no Rio. Nas redes, o presidente
deu parabéns aos agentes, reclamou da imprensa e
dedicou quatro palavras pálidas à inocente que morreu
baleada na ação. Foi mais energia do que ele gastou
em todo o mandato para desenvolver uma política de
segurança para o país.


O capitão vendeu na última eleição a ideia de que teria
uma solução mágica para a violência. Entregou um
número de ilusionismo que tinha como pontos centrais a
liberação de armas e o incentivo à matança. Além de
não resolver o problema, o presidente enterrou o debate
sobre segurança pública no Brasil.


Era impossível esperar algo diferente. Quando era
deputado, Bolsonaro não aprovou nenhum projeto na
área de segurança. Em busca de holofotes, usou seus
mandatos a favor da barbárie. Em 2014, ele disse que
"a única coisa boa do Maranhão é o presídio de
Pedrinhas", em referência à penitenciária que registrou
uma onda de decapitações.


No governo, Bolsonaro recorreu a medidas pontuais,
como a transferência de chefes de facções criminosas
para presídios federais. Propostas mais audaciosas
fracassaram. Foi o caso do projeto lançado em 2019
para combater a criminalidade violenta e que terminou a
fase de testes sem sinais de que tenha atingido seus
objetivos.

O presidente preferiu fazer propaganda de uma falsa
relação entre a ampliação do acesso a armas de fogo e
a redução da violência. Também tentou emplacar, sem
sucesso, o excludente de ilicitude -que ele chamava na
campanha de "carta branca para policial matar".

Não é surpresa que essa plataforma tenha se tornado a
retórica eleitoral dominante no país. Depois da operação
na Vila Cruzeiro, o governador do Rio descreveu a ação
como uma "demonstração de força". No início do mês, o
governador de São Paulo foi atrás de votos da direita e
declarou que "bandido que levantar arma vai levar bala
da polícia". Os dois são candidatos à reeleição.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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