Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-26)

(Antfer) #1

GUGA CHACRA - O lobby das armas sempre vence


Banco Central do Brasil

Jornal O Globo/Nacional - Mundo
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Não mudou nada no acesso a armas nos EUA depois
de Sandy Hook, quando um atirador matou 27 pessoas,
incluindo 20 crianças. Nada mudou quando um atirador
matou 17 em uma escola em Parkland, na Flórida. Nada
mudou quando um atirador matou 58 em Las Vegas.
Nada mudou quando um atirador matou 49 em uma
boate em Orlando. Nada mudou quando um atirador
antissemista matou 1lemuma sinagoga em Pittsburgh.
Nada mudou quando um atirador supremacista matou 9
em uma igreja na Carolina do Sul. E provavelmente
nada mudará depois de um atirador matar 19 crianças e
dois adultos em uma escola primária no Texas. No fim,
o lobby das armas sempre vence.


A Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em
inglês), como é conhecida a mais importante entidade
lobista em defesa do porte de arma pelas pessoas nos
EUA, controla o Partido Republicano e mesmo alguns
membros do Partido Democrata. O domínio se dá tanto
pelas doações de campanha como também por uma
aliança genuína com muitos políticos que compartilham
da ideologia do lobby pró-armamentos. Ironicamente, a
partir de amanhã, será realizado o congresso dessa
associação justamente no Texas. Entre os convidados


para discursar estão o ex-presidente Donald Trump, o
governador do Texas, Greg Abbott, e o senador Ted
Cruz. Assim como dezenas de políticos, todos
receberam dinheiro da organização.

A NRA e seus defensores na política dos EUA são
contrários a qualquer forma de restrição no acesso à
compra de armamentos, apesar de mudanças contarem
com apoio da maioria da população. Distorcem as
informações e argumentam que o objetivo dos
democratas é desarmar os americanos, violando a
Segunda Emenda da Constituição, que garante o direito
de portar armamentos. Na realidade, as propostas de
democratas chegam no máximo a exigir checagem de
antecedentes em todas as compras de armas nos EUA
e proibição da venda de fuzis como AR-15. Sempre que
acontece um ataque de um atirador como o de
anteontem, a NRA mantém si lêncio por aleuns dias. É
parte da estratégia. Seus defensores propõem mais
armamentos. Argumentam que, se houvesse 'alguém
armado' na escola, mortes poderiam ter sido evitadas.
Passados alguns dias ou semanas, o tema começa a
cair no esquecimento. O lobby age no Congresso e
também no âmbito dos estados. Nada acontece.

Há casos de atiradores em Canadá, Nova Zelândia,
Noruega, Austrália e Reino Unido. Em nenhum deles,
porém, na mesma escala quase semanal que ocorre
nos EUA - afinal, não nos esqueçamos, ainda no mês
de maio um supremacistabranco matou 10 pessoas em
um supermercado em Buffalo.

Ao redor do mundo, quando as pessoas escutam sobre
um atirador nos EUA, já encaram com normalidade.
Veem como uma doença da sociedade americana. Mas
o que haveria aqui de tão diferente em relação a outros
países avançados? Cultura do videogame? Bobagem.
Joga-se mais videogame no Japão e na Coreiado Suldo
que no território americano e raramente ouvimos falar
de atiradores japoneses e sul-coreanos. Veja como são
raríssimos os casos entre os britânicos. Qual seria a
diferença afinal? São as armas. Até a NRA sabe disso.
A diferença é que o lobby e seus defensores
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