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Ameaça da fome atinge 36% das famílias no país


Banco Central do Brasil

Jornal O Globo/Nacional - Economia
quinta-feira, 26 de maio de 2022
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Autor: CAROLINA NALIN


A fome foi uma ameaça para 36% das famílias
brasileiras em 2021 que, durante algum período do ano,
não tiveram dinheiro para pôr comida na mesa. Em
2019, eram 30%. É o maior patamar da pesquisa
iniciada em 2006. E a primeira vez que a insegurança
alimentar no Brasil supera a média mundial, de 35%.


A constatação veio da pesquisa do economista Marcelo
Neri, diretor da FGV Social. O estudo toma por base
dados coletados entre agosto e novembro pelo Gallup
World Poll, instituto que aplica questionários
padronizados desde 2006 em 160 países e fornece
evidências comparáveis em escala global sobre temas
como saúde, educação, moradia e qualidade de vida.


Considerando a média de 120 países, a insegurança
alimentar aumentou quatro vezes mais no Brasil do que
na média mundial. Neri explica que a situação de
insegurança alimentar se agravou nos últimos anos em
meio à pandemia, mas o quadro já era dramático desde
a recessão entre 2014 e 2016, quando a desigualdade
de renda aumentou: - São dois capítulos separados,


mas que fazem parte do mesmo drama, e um agrava o
outro. Além da recessão forte, a inflação estava altano
começo desse período, o Banco Central subiu juros e a
transferência do Bolsa Família ficou por muitos anos
sem reajuste. Foi um choque sobre outro choque.

O resultado é o retorno do Brasil ao Mapa da Fome da
ONU em níveis ainda mais alarmantes. O Brasil havia
deixado essa condição em 2014, quando a proporção
de pessoas em famílias com falta de dinheiro para
alimentação era de 17%. Em 2021, porém, atingiu o
ponto mais alto da série histórica anual, iniciada em
2006.

Em 2014, o Brasil figurava com níveis de insegurança
alimentar inferiores a 75% dos 141 países pesquisados.
Em 2021, essa proporção caiu para 52%.

Segundo Neri, as mulheres sofreram mais, afetando as
crianças. Entre os homens, a insegurança caiu de 27%
para 26%. Entre as mulheres, subiu de 33% para 47%: -
Vimos a volta das crianças mais novas à escola, mas a
sub nutrição já deixou uma marca. Estamos falando de
educação e nutrição, a base do desenvolvimento da
pessoa. Isso tem um efeito estrutural, que precisa ser
atacado o quanto antes

Para Francisco Menezes, consultor do Action Aid, o
cenário deste ano é ainda mais dramático para as
famílias brasileiras, sobretudo as mais pobres, dado que
a inflação acumulada em 12 meses está em 12, 2%,
puxada pela disparada dos preços dos alimentos em
razão da guerra na Ucrânia e dos choques climáticos: -
Tem um processo de precarização do emprego junto
com o empobrecimento. A inflação foi aumentando de
2020 para cá. E isso, para as famílias mais pobres,
significa comer menos ou pior.

A pesquisa mostra que a insegurança alimentar entre os
20% mais pobres atingiu 75% das famílias. A parcela
era de 36% em 2014, subindo para 53% em 2019.

Na média de 122 países em 2021, a ameaça da fome
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