BC americano vê mais duas altas de juros e economia forte
Banco Central do BrasilJornal O Globo/Nacional - Economia
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco CentralClique aqui para abrir a imagemAutor: VITOR DA COSTA*
O Federal Reserve (Fed, o banco central americano)
divulgou ontem a ata de sua última reunião, quando
promoveu a maior elevação dos juros em 20 anos. O
documento reforçou as projeções de mais duas altas de
0, 5 ponto percentual, em junho e julho, para controlar a
inflação. Esse movimento era defendido por vários
membros do Fed, inclusive pelo presidente da
autoridade monetária, Jerome Powell.
Na avaliação de Wall Street, a ata não trouxe grandes
surpresas e ainda mostrou que o Fed considera que a
economia está forte. Com isso, os mercados em Nova
York fecharam em alta. O Dow Jones avançou 0, 60%,
e o S&P 500, 0, 95%. A Bolsa eletrônica Nasdaq subiu
1, 51%.
A ata mostra que todos os membros do Comitê Federal
de Mercado Aberto (Fomc, pela sigla em inglês)
apoiaram uma alta de 0, 50 ponto e que 'a maioria dos
participantes' julgou que mais elevações da mesma
magnitude 'seriam adequadas' em junho e julho.
NEM SE FALA EM 0, 75 PONTO Para o economista-
chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos, Luciano
Costa, a atar e forçou os pontos de preocupação do
Fed, entre eles o mercado de trabalho aquecido e a
inflação elevada. Mas o fato de o documento ter
correspondido às expectativas ajudou os mercados.- Uma das grandes preocupações do mercado era a
aceleração do ritmo para 0, 75 ponto percentual. E na
ata nem aparece essa discussão, o que traz um certo
alívio -diz Costa.
Nas últimas semanas, os mercados, especialmente os
americanos, amargaram fortes perdas devido ao receio
de um aperto monetário maior, que poderia causar
retração na economia. A taxa, atualmente, está no
intervalo entre 0, 75% e 1%; com mais duas altas de 0,
50 ponto, ficaria entre 1, 75% e 2%.Para Costa, há possibilidade de maior acomodação no
mercado, se os próximos dados de inflação e mercado
de trabalho não decepcionarem.RECUPERAÇÃO DO PIB A ata do Fomc ressaltou
ainda que a invasão da Ucrânia pela Rússia e os
lockdowns para conter o avanço da Covid-19 na China
elevam os riscos 'tanto para os Estados Unidos quanto
para outras economias no mundo', o que traz incertezas
em relação ao crescimento econômico.Os membros do Fed ressaltaram que, apesar da queda
do Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro
trimestre, os gastos das famílias e os investimentos
corporativos continuaram fortes. Por isso, esperam
recuperação no atual trimestre, com crescimento sólido
no restante do ano.O Fedain da revisou para cima sua previsão de inflação.
Eles estimaram que o Índice de gastos com consumo
pessoal encerraria este ano em 4, 3%, desacelerando a
2, 5% em 2023. A meta é de 2%. Em abril, o índice
geral de preços atingiu 8, 3% em 12 meses, o maior
patamar em 40 anos.