Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-26)

(Antfer) #1

IMPACTO ATÉ NA COLHEITA


Banco Central do Brasil

Jornal O Globo/Nacional - Economia
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Destaques Jornais
Nacionais

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Autor: BRUNO ROSA*


A decisão do governo de interferir na Petrobras deve
elevar o risco de faltar diesel no país durante a colheita
da safra. Antes de ser demitido, José Mauro Coelho
apresentou ao Ministério de Minas e Energia um
documento em que alertava para a possibilidade de falta
do combustível no auge da safra de soja, se não
houvesse sinalização clara de que os preços cobrados
pela empresa seguirão os do mercado internacional.


'Sem sinalização de que os preços de mercado serão
mantidos adiante, há um risco concreto de escassez de
diesel no auge da demanda, durante a temporada de
colheita, afetando o PIB do Brasil', diz o documento,
intitulado 'Combustíveis: desafios e soluções'.


Mas depois de Bolsonaro nomear um novo presidente
da estatal, o quarto em seu governo, com o objetivo de
segurar preços e frear a inflação antes da eleição em
outubro, cresceu no mercado a percepção de que o
agronegócio e o varejo podem ser afetados no segundo
semestre em razão da escassez de diesel. É na
segunda metade doa no período principal de colheita da


soja e também quando o varejo fecha as encomendas
para o fim do ano.

Em maio, a Petrobras reajustou o diesel em 8, 87% na
refinaria. Nos últimos dias, não houve defasagem em
relação ao mercado internacional. Mas a conta, do
ponto de vista do importador, não é tão simples.

IMPORTAÇÃO EM 60 DIAS O prazo para importação
do combustível subiu para 60 dias. Desde o início do
ano, o setor tem enfrentado períodos de defasagem
significativa nos valores cobrados. Sem ter a certeza de
que a política de preços será mantida, poucas empresas
têm fôlego financeiro para acertar a compra. Ou seja,
poucos se arriscam a fechar contratos sem saber se o
principal agente do mercado, a Petrobras, estará
seguindo regras do mercado ou se estará praticando
preços menores, o que inviabiliza a operação.

A questão deixa de ser um problema setorial, pois a
estatal sozinha não tem capacidade de atender todo a
demanda por diesel no país. O risco, alertam os
especialistas, é de, no fim das contas, a própria
Petrobras ter de aumentar as importações para garantir
o fornecimento do produto. Ou seja, não assegurar
preços de mercado deixaria uma fatura que a própria
estatal poderia ter de pagar adiante.

Hoje, o setor já sofre com faltas pontuais de diesel tanto
em grandes centros como no interior. Segundo relatos
de empresas e associações, há falta em postos, mas
sobretudo nos de bandeira branca e apenas em parte
da semana. A expectativa é que o período mais crítico
ocorra de junho a agosto.

Segundo Sérgio Araújo, presidente executivo da
Abicom, a associação dos importadores de
combustíveis, as empresas independentes praticamente
pararam de comprar combustível do exterior. Araújo
afirma que as importações de diesel e gasolina estão
concentradas apenas em Petrobras, Vibra (exBR),
Raízen e Ipiranga. Há dois anos, o país tinha, ao todo,
de 25 a 30 importadores independentes ativos. Hoje, as
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