TCU suspende obras da Codevasf após políticos indicarem até o asfalto
Banco Central do Brasil
Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Política
quinta-feira, 26 de maio de 2022
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Autor: Mateus Vargas e Flávio Ferreira
O TCU (Tribunal de Contas da União) mandou a
Codevasf suspender uma série de obras de
pavimentação após a estatal ligada ao governo Jair
Bolsonaro (PL) reconhecer que parlamentares escolhem
até os tipos de asfalto a serem utilizados nos serviços.
Julgamento realizado nesta quarta-feira (25) pela corte
apontou a ação política e a falta de critérios técnicos
nas licitações, após uma série de reportagens da Folha
revelar como atua a estatal, entregue por Bolsonaro a
aliados do centrão.
A área técnica do TCU verificou que, 'sem qualquer
fundamentação expressa", políticos indicam quais via s
devem serrevestidas e qual 'empresa e/ou
contrato/pregão específico que deve ser utilizado para
executar a obra'.
A decisão tomada nesta quarta-feira (25) pelo tribunal
impede a emissão de novas ordens de serviços em
contratos feitos a partir de 29 pregões eletrônicos
lançados em 2020. Estas licitações permitiríam a
execução de 'contratos guarda-chuvas' que podem
somar até R$ 622,15 milhões.
A suspensão nessas obras, em dez estados (AI* BA,
AL, RN, PE, SE, MG, TO, PI e MA) e no DF, vale até a
companhia provar que implementou estudos sobre a
vantagem técnica e econômica do tipo de revestimento
escolhido, além de análises sobre a necessidade das
pavimentações.
Procurada depois do julgamento do TCU, a Codevasf
não se manifestou.
Em ocasiões anteriores, negou irregularidades, disse
atuar em permanente cooperação com órgãos de
fiscalização e controle e que tem observado as
determinações do TCU.
Turbinada por bilhões de reais em emendas
parlamentares no governo Jair Bolsonaro, a Codevasf
mudou sua vocação histórica de promover projetos de
irrigação no semiárido para se transformar em uma
estatal entregadora de obras de pavimentação e
máquinas até em regiões metropolitanas.