Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-26)

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Versões e fatos


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) se tornou réu numa
despropositada ação popular em que se pede
ressarcimento aos cofres públicos por prejuízos
causados à Petrobras e ao país no curso da Operação
Lava Jato. A iniciativa, assinada por cinco deputados
petistas, parece ter objetivos mais políticos do que
propriamente jurídicos.


Trata-se, como se diz em um clichê contemporâneo, de
uma tentativa de controlar a narrativa sobre o
envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e do PT em casos de corrupção, tema que será
fartamente explorado durante a campanha eleitoral.


A esse respeito, vale revisitar os fatos. O Supremo
Tribunal Federal corretamente anulou os processos que
corriam contra Lula em que o ex-juiz teve participação.
Moro não se revelou um magistrado imparcial, como se
soube após os vazamentos de diálogos travados com
procuradores da Lava Jato.


Com isso, o líder petista recobrou seus direitos políticos
e deve, para todos os efeitos, ser considerado inocente.
Entretanto isso não é o mesmo que ter sido inocentado


pela Justiça após exame do mérito.

Qualquer que seja o status de Lula, não há como negar
que um esquema bilionário de corrupção se instalou na
Petrobras sob a gestão do PT. Diversos empresários e
políticos confessaram ter participado da esbórnia e
devolveram parte do dinheiro desviado.

Moro e os procuradores responsáveis pela Lava Jato
cometeram graves erros na condução da operação, mas
daí não se pode concluir que tudo não passou de uma
grande farsa. A corrupção, infelizmente, era muito real.

Outro ponto a destacar é a forma como o STF anulou os
processos contra Lula. O certo teria sido enfrentar
questões difíceis, mas não insolúveis, como o uso de
provas em princípio ilícitas -os diálogos vazados foram
obtidos por hackers, sem autorização da Justiça.

O STF, porém, preferiu atalhos. Decretou-se a
parcialidade de Moro num processo que já corria, sem
referência aos vazamentos. Pior, na tentativa de evitar a
derrota de Moro, o ministro Edson Fachin deflagrou uma
manobra desastrada, ao decidir que o foro de Curitiba
não era o adequado para julgar Lula.

A maioria dos ministros o acompanhou, mas não deixou
de considerar o ex-juiz parcial. Como resultado, criou-se
uma avenida bem mais larga para que outros réus
também pedissem anulações.

O desfecho melancólico da Lava Jato, porém, não é
motivo para ignorar as revelações da operação.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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