Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-26)

(Antfer) #1

Conrado Hiibner Mendes - Livres, seguros e soberanos


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Política
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Conrado Hiibner Mendes


Um dia talvez acordemos do transe coletivo e
recuperemos alguma capacidade de produzir e
comunicar verdade e ciência com autoridade. E
organizemos nossas divergências a partir dessa terra
redonda compartilhada. Nesse dia lembraremos que
liberdade, soberania e segurança nunca significaram
delinquência. Exceto na boca do próprio delinquente, a
serviço de suas pulsões. Quando Bolsonaro discursa
pela liberdade, soberania e segurança, não está
prestando homenagem a filosofias liberais ou
comunitaristas, a constituições republicanas e
democráticas, a qualquer signo de progresso moral e
político, a qualquer evidência empírica. Muito menos,
cidadão eleitor, à sua dignidade e inteligência.


As origens ideológicas estão em colónias escravistas.
Sua apropriação retórica, em autocracias militarizadas
do último século. A formulação ver bal se gesta no
fígado e aciona emoções primárias. O lucro real sedá no
bolso de oligarcas. Os efeitos se contam em vidas.


No Brasil bolsonarista, o esquema funciona assim.


A 'liberdade' você entrega para o jagunço, o capitão do
mato e o bolsonarista da esquina, educado e teleguiado
pelo gabinete do ódio. Entrega também para o
empreendedor que não produz riqueza

senão coma dilapidação dos recursos naturais mais
valiosos do século 21.

Otino para negócios predatórios desse empreendedor
gera 'externalidades negativas' pagas pelo seu bolso,
sua saúde ou sua vida. E da sua família. Comunismo
reverso transgeracional.

A 'segurança' você dá a homem de bem armado, a
miliciano e a policial com licença para matar. Só invocar
'bala perdida'; código para esvaziar, contra a lei,
responsabilidade do homicida sem rosto. A bala
perdida, apesar de perdida, prefere a pele preta.
Inclusive chega na sua filha, no seu filho. Memorial de
mortos

em chacina policial você destrói. Pode dizer que fazia
apologia ao tráfico.

A 'soberania nacional' você divide entre garimpeiro,
grileiro, traficante de madeira e crime organizado
amazônico. Eles que se matem. Se levarem juntos os
indígenas e outros povos da floresta, efeito colateral da
liberdade. A parte polpuda dessa soberania privada vai
para o oligarca inter nacional do ouro, do lítio, do cobre,
do mogno. E vale salpicar alguns milicos pela floresta
para que continuem a não fazer o que dizem e a fazer o
que não dizem.

Aproveita e libera a educação integral da criança
brasileira para pais e pastores. Deixa nada para a
escola. O ambiente de imersão domiciliar, sabe-se,
garante a subnutrição intelectual e socioafetiva. E
facilita abuso sexual. Diga que o estado vai
supervisionar por meio de provinhas semestrais ede um
exército de assistentes sociais que fiscalizará esse
sistema educacional sem educadores. Em cada casa
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