Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-27)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Política
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 2 - TCU

O número de beneficiados do Fomento Rural desabou
sob o governo Bolsonaro. Foram atendidas 18,8 mil
famílias em 2018, último ano da gestão Michel Temer
(MDB). O quadro passou para 8,9 mil no ano passado.


Em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT), receberam o
recurso 93,4 mil famílias. O programa paga entre R$ 2,4
mil e R$ 3.000 para cada família uma única vez.


A portaria de março relaciona a infraestrutura mecânica
com o Fomento Rural e atendimento a famílias inscritas
no CadÚnico (Cadastro Único). Trata-se do registro
federal de famílias em situação de pobreza usado para
programas sociais.


'O objetivo específico do MAG-SAN é prover a
infraestrutura mecânica para famílias inscritas no
CadÚnico e que possuam domicílio rural, com vistas à
estruturação das atividades produtivas e contribuir para
o incremento da renda e do patrimônio no âmbito dos
programas e ações que compõem o Sisan [Sistema
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional],
especialmente por meio do Programa Fomento Rural',
diz a portaria, assinada pelo ex-ministro João Roma
(PL).


Roma é pré-candidato ao Governo da Bahia com o
apoio de Jair Bolsonaro.


A previsão é que as máquinas fiquem nas prefeituras,
que as receberão por doação da União. Não há
informações sobre como as famílias pobres serão
atendidas.


O professor Sílvio Porto, da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, explica que investir em
maquinários desse tipo é totalmente incoerente com as
necessidades das famílias do CadÚnico e com as
realidades locais. O próprio espaço agrícola de que
essas famílias dispõem, diz ele, nem sequer comporta o
uso desses equipamentos.


Porto afirma que, com R$ 1 bilhão, seria possível atuar
de modo mais efetivo para mudar a realidade de


insegurança alimentar na zona rural do país. 'A Conab
[Companhia Nacional de Abastecimento] recebeu no
ano passado R$ 330 milhões em demandas de
organizações sociais da agricultura familiar, mas não
foram atendidos com orçamento do governo', diz.

Os tratores tornaram-se no governo atual um dos
principais símbolos de dientelismo político. Seja através
de emendas parlamentares ou, como mostrou a Folha,
em compras feitas com recursos próprios do governo.

Questionado, o Ministério da Cidadania não respondeu
sobre os critérios que respaldam a necessidade de
2.900 máquinas e de onde viria o recurso. O Ministério
da Economia se negou a esclarecer se o pedido de
crédito chegou à área econômica.

No caso dos R$ 89,9 milhões, já empenhados para
tratores no apagar das luzes de 2021, o recurso saiu de
sobras com a extinção do Bolsa Família e criação do
Auxílio Brasil. No entanto, o TCU havia determinado que
o dinheiro fosse usado exclusivamente para o custeio
de despesas com enfrentamento da Covid-19, o que
não foi atendido.

O Ministério da Cidadania não pretende, também no
plano das aquisições de R$ 1,2 bilhão, realizar nova
licitação. O objetivo é aderir a atas de registro de preços
do Ministério do Desenvolvimento Regional em nome da
empresa chinesa XCMG, cuja sede no Brasil fica em
Pouso Alegre (MG).

As atas do Desenvolvimento Regional com a XCMG
foram usadas por políticos aliados para mandar
equipamentos a suas bases eleitorais. Essas operações
se valeram das chamadas emendas de relator, cuja
destinação são comanda das por líderes do centrão.

A diferença com a compra do Ministério da Cidadania foi
a digital do governo federal. Os R$ 89,9 milhões são do
próprio orçamento da União.

Para essa aquisição, a pasta não definiu os municípios
que seriam beneficiados. Só foi estabelecida a
quantidade de equipamentos por estado.
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