Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-27)

(Antfer) #1
VERA MAGALHÃES - Duelo de rejeições definirá se haverá segundo
turno

Banco Central do Brasil

Jornal O Globo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: VERA MAGALHÃES


A diferença de 21 pontos percentuais de vantagem de
Luiz Inácio Lula da Silva sobre Jair Bolsonaro, mostrada
pelo Datafolha, incendiou os partidários do petista,
apavorou os governistas e intrigou alguns analistas de
pesquisas. Mas fez com que todos esses atores
passassem a analisar como mais provável a decisão da
eleição presidencial no primeiro turno pela primeira vez
desde 1998, com o ex-presidente como favorito.


Ainda que a diferença não seja tão dilatada quanto a
obtida pela metodologia do instituto (de entrevistas de
campo, diferente da maioria dos levantamentos feitos
com frequência maior e por telefone), todas as
pesquisas convergem para um dado: a preferência por
Lula ou Bolsonaro, bem como a rejeição a um ou a
outro, tende a alimentar, de agora em diante, a
'alckmização' dos adversários, que pode levar a decisão
da disputa a se antecipar.


Analistas projetam que, diante do resultado do
Datafolha mostrando a grande vantagem de Lula sobre
Bolsonaro, será natural os que rejeitam o petista, mas


hesitavam em aderir ao presidente, o fazerem agora
como movimento de reação.

Isso poderia levar à recuperação de Bolsonaro em
levantamentos subsequentes, o que faria enorme
pressão principalmente sobre eleitores de Ciro Gomes
(PDT), único que tem uma quantidade de votos capaz
de fazer mexer os ponteiros dos demais, para que
votassem em Lula como forma de evitar uma vitória do
atual presidente.

Por isso, mesmo quem acredita que a diferença real
entre Lula e Bolsonaro não seja de 21 pontos, mas algo
mais próximo àquela mostrada pela rejeição de cada
um, passa a considerar como mais provável um cenário
de eleição em primeiro turno, antes considerado
inviável.

Essa possibilidade deve intensificar alguns movimentos
que podem ser prejudiciais a cada um dos candidatos.
Do lado dos petistas, uma euforia exacerbada ou o
clima de 'já ganhou' podem fazer com que se descuide
das declarações e dos sinais dados à sociedade a
respeito de que plataforma o petista adotará nas redes.

Também existe o risco de que não se intensifique a
conversa com outras forças políticas para aprofundar
um sentido de frente ampla para a candidatura, que dê
mais lastro à viabilidade de antecipar uma eventual
vitória para o dia 2 de outubro.

Do lado de Bolsonaro o efeito mais provável é a
exacerbação de um desespero que já o tem levado a
adotar gestos tresloucados tanto de retórica golpista
quanto de medidas de governo com alto potencial lesivo
às instituições e aos cofres públicos.

Portanto o dano que o presidente pode causar é mais
grave e talvez ajude a explicar, com a economia que
patina e a inflação que galopa, por que Bolsonaro
parece caminhar para o teto de suas intenções de voto,
coincidente com o da avaliação de seu governo.
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