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Pedro Doria - O lento suicídio da Meta


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia &
Negócios
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Na última semana, Adam Mosseri, CEO do Instagram,
publicou um vídeo em sua conta no qual anunciava
algumas mudanças importantes. Uma delas deixou
explícita: fotos e vide-os ocuparão mais espaço na tela
do celular. Chama isso de experiência imersiva. A outra
mudança ficou implícita. O feed vai ser construído de
outra forma, deixando menos um produto de todos que
seguimos, e mais recomendações. Material produzido
por gente que talvez nem sequer suspeitemos quem
seja. No fundo, a razão é uma só. A Meta, holding que
inclui Facebook e Instagram, está tentando recuperar o
terreno perdido para o TikTok.


O TikTok tem três diferenças em relação às duas redes
sociais da Meta. A primeira: ela se baseia em vídeos
curtos. À segunda: os vídeos ocupam a tela inteira -
nada distrai. E, por último, quem você segue conta
pouco. O que você vê e revê conta muito.


O TikTok apresenta para os usuários material produzido
por gente de todo canto do mundo, gente da qual nunca
se ouviu falar, se o algoritmo sugere que o vídeo tem o
mesmo tipo de atrativo. E, sim, o algoritmo entende de
nossa psicologia íntima.


Pois é: o Instagram, aquela rede voltada para
fotografias, está virando um TikTok. Ou, ao menos, a
Meta está trabalhando duro para isso.

O problema é que a virada não é trivial. Redes sociais,
pode não parecer, dão trabalho para os criadores de
conteúdo. E a Meta é um pesadelo para quem cria.
Muda as regras do jogo a toda hora. Durante anos,
cultivou-se um grupo de pessoas que se especializou
em fazer o tipo de fotografia que atraía olhares no Insta.
Era uma rede voltada para o relaxamento, para um
entretenimento mais passivo.

Estas pessoas, algumas que conquistaram ao longo de
anos centenas de milhares, até milhões de seguidores,
de repente passaram a ter de produzir vídeos curtos.
Agora, terão de lidar com ofato que o número de
seguidores valerá pouco, pois só o material realmente
viral vai chegar aos olhos de quem está do outro lado da
tela. E os usuários, que gostavam da rede tranquila, se
verão, lentamente, numa frenética.

O jogo da internet é um no qual ter 1 bilhão de clientes é
menos importante do que ser quem está crescendo
mais naquele momento. Por isso, uma companhia faz
algo assim, sacrificando seus usuários mais fiéis e
aqueles que estão habituados a criar.

E o tempo vai fechar para todos. Esta semana, por
conta de resultados ruins do Snapchat, as ações de
todas as redes sociais despencaram. O cenário
econômico está se fechando no mundo pós-Ucrânia. e

A empresa está trabalhando duro para transformar o
Instagram em TikTok

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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