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(Antfer) #1

Eliane Cantanhêde - Uma loucura!


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Eliane Cantanhêde


Enquanto o presidente Jair Bolsonaro enaltece
sanguinários como Augusto Pinochet, Alfredo
Stroessner e Carlos Brilhante Ustra e faz homenagem
de duas horas no Planalto para um sujeito como Daniel
Silveira, seu governo ataca a psiquiatra Nise da Silveira,
o educador Paulo Freire, o cientista Ricardo Galvão, o
compositor Chico Buarque e a nossa diva do teatro
Fernanda Montenegro.


O Congresso aprovou a inclusão da Dra. Nise no Livro
de Heróis e Heroínas da Pátria, mas Bolsonaro vetou,
alegando que não é possível avaliar 'a envergadura' do
trabalho dela, e bolsonaristas da Câmara já articulam
trocar a Dra. Nise por Olavo de Carvalho, o canastrão
rejeitado pela própria filha que xingava até nossos
generais aos palavrões. Isso, sim, é uma loucura!


A Dra. Nise, um marco no tratamento psiquiátrico,
substituiu crueldade por humanidade, eliminou
eletrochoque, lobotomia e confinamento e, em troca,
pôs pintura, música e convívio com animais.
Reconhecida mundo afora, mereceu dois filmes, O


Coração da Loucura, de Roberto Berliner, e Olhar de
Nise, de Jorge Oliveira, que comentou o veto: 'É
lamentável o Brasil conviver com tal ignorância'.

E o governo que põe no Ministério da Educação Vélez
Rodríguez, Abraham Weintraub, Milton Ribeiro e um
que fraudava currículo ataca Paulo Freire, autor de
Pedagogia do Oprimido, defensor de justiça, inclusão e
generosidade pela educação, ensinando os cidadãos a
pensar; a aprender a aprender. Enquanto no Brasil
bolsonaristas ameaçam destruir o monumento de Paulo
Freire no MEC, o maior educador brasileiro merece
estátuas numa praça em Estocolmo, na Suécia, e na
Universidade de Cambridge, na Inglaterra, por sua
'tolerância e diálogo'. Como é o mundo... Já o físico
Ricardo Galvão foi demitido do Inpe por dados sobre o
desmatamento da Amazônia depois sobejamente
comprovados. Membro da Academia Brasileira de
Ciências, o primeiro dos dez cientistas mais importantes
da revista Nature em 2019 e premiado pela Associação
Americana para o Avanço da Ciência, ele não serve
para Bolsonaro. Na música, Bolsonaro se recusou a
assinar o Prêmio Camões (Brasil-Portugal) que Chico
Buarque ganhou. No teatro, Roberto Alvim, que veio a
ser secretário de Cultura, chamou a nossa Fernanda
Montenegro de 'sórdida' e 'mentirosa', anunciando
'profundo desprezo' pela classe artística.

É nesse ambiente, com ódio, civis armados e policiais
fora de controle, que geramos o George Floyd brasileiro:
um homem com distúrbios mentais trancado no porta-
malas de um camburão e assassinado com gás pela
polícia. O que diria a Dra. Nise da Silveira?

Pró-Pinochet, Stroessner, Ustra e Daniel Silveira, contra
Nise da Silveira e Paulo Freire

COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO
JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM
PAUTA

COLUNISTAS
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