Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-27)

(Antfer) #1

Termômetro eleitoral


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Pesquisa Datafolha sobre intenção de voto para
presidente divulgada nesta quinta (26) traz o que parece
ser a melhor explicação para os recentes rompantes de
Jair Bolsonaro (PL) contra instituições democráticas:
voltou a crescer a vantagem de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT).


O levantamento anterior, de março, havia trazido boas
notícias para o presidente. A distância entre ele e o
petista caíra pela metade na declaração espontânea,
em que o entrevistado simplesmente responde em
quem pretende votar.


Agora, nesse tipo de pergunta, a dianteira do ex-
presidente mais que dobrou e atingiu 16 pontos
percentuais, ou 38% a 22%, ante 30% a 23% dois
meses atrás.


Na pesquisa estimulada, em que uma lista de
candidatos é apresentada ao entrevistado, Lula registra
48%, ante 27% de Bolsonaro e 7% de Ciro Gomes
(PDT), com os demais ficando no máximo em 2%.


A margem para uma terceira via parece mais estreita.


Lula e Bolsonaro somam 75 pontos e deixam 25 livres
para outros concorrentes -eram 31 em março.

Como se trata de um novo cenário político devido
sobretudo às desistências de João Doria (PSDB) e
Sergio Moro (União Brasil), não se pode fazer uma
comparação direta entre esse resultado e os de
levantamentos anteriores.

Mas isso não impede ninguém de notar que,
considerando os votos válidos (excluídos brancos, nulos
e indecisos), Lula agora marca 54%, cifra em tese
suficiente para vitória num primeiro turno hoje.

Além disso, a avaliação nada animadora do governo
Bolsonaro ficou estagnada com 25% de aprovação e
48% de reprovação, a despeito de todos os esforços
populistas e demagógicos que o mandatário
empreendeu nos últimos meses.

O percentual dos que não votariam nele de jeito
nenhum continua no mesmo patamar elevado (54%), ao
passo que Lula viu sua rejeição passar de 37% para
33%.

Talvez por isso, num hipotético segundo turno, o petista
derrota Bolsonaro com folga maior do que na pesquisa
anterior: 58% a 33% agora, 55% a 34% em março.

O quadro pintado por esses números dificilmente terá
passado batido pelos partidos. Um instituto como o
Datafolha imprime um selo de independência no
resultado, mas os políticos, mesmo aqueles que
vociferam contra as pesquisas, medem o pulso dos
eleitores com levantamentos próprios.

Daí por que Bolsonaro, ciente de que seu mau governo
se transforma no maior obstáculo da corrida eleitoral,
aposta no discurso contra as urnas. A eleição, por
óbvio, está longe de decidida, e o adversário petista tem
consideráveis fragilidades a serem exploradas. Mas é
certo que o retrato do momento desfavorece o
incumbente.
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