Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-27)

(Antfer) #1

Vinicius Torres Freire - O próximo golpe econômico de Bolsonaro


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Vinicius Torres Freire Jornalista, foi secretário de
Redação da Folha. É mestre em administração púb


Jair Bolsonaro (PL) não perdeu os votos que juntou no
início deste ano, mostra o Datafolha. Lula da Silva (PT)
ganhou, bastantes até para vencera eleição no primeiro
turno. O problema do candidato que ora ocupa o
Planalto volta a ser como não perder na primeira
rodada. O que vai ou pode inventar, por exemplo, em
termos de favores econômicos? O ano eleitoral e
eleitoreiro ainda está longe de acabar, mas o arsenal de
mágicas ficou menor.


Até as pesquisas de março ou abril, Bolsonaro deve ter
se beneficiado do fato de Sergio Moro (União Brasil) ter
sido tirado da disputa, da discreta e inesperada despiora
da economia no início desde 2022 e de alguns favores
econômicos.


A julgar pelo Datafolha, a colheita magra de intenções
de votos acabou, por ora. Vai ser mais difícil colher
safra melhor na segunda metade do ano.


Segundo as melhores estimativas disponíveis, que


ainda assim muita vez estão erradas, a economia teria
crescido bem no primeiro trimestre, menos no segundo
e começaria a encolher a partir de julho, fechando a
segunda metade do ano no vermelho.

Por 'cresce bem' entenda-se essa despiora na miséria
que estamos vendo: um número considerável de mais
pessoas empregadas, mas recebendo os piores salários
da década, entre outros problemas da situação do
emprego.

No segundo semestre, esse alívio minúsculo também
minguaria, segundo economistas. Fica a inflação, ora
em mais de 12% ao ano e de não menos de 10% ao
ano até pelo menos a eleição.

Bolsonaro e o governismo não conseguiram até agora
dar um jeito nem no preço dos combustíveis, apenas um
dos que explodiram, mas praticamente o único que
mereceu empenho eleitoreiro. Ainda que passem no
Congresso ou pela Justiça todas as medidas de
contenção de reajustes de energia e corte de impostos,
a redução de preço seria limitada e ainda demoraria a
aparecer para o consumidor final.

Mesmo que Bolsonaro consiga meter a mão de vez na
Petrobras, poderia fazê-lo apenas a partir de julho.
Ainda que tenha sucesso, pode acabar causando um
desastroso desabastecimento de diesel. O governo
ainda tenta inventar um bolsa-caminhoneiro (e taxista e
motoristas e motociclistas de aplicativo), mas nem esse
caraminguá vai sair tão cedo.

Bolsonaro cismou de dar reajuste para policiais federais.
Os policiais acharam mixaria, o reajuste ainda não saiu,
e boa parte dos servidores ficou revoltada por ter sido
discriminada, sem promessa de aumento, ou entrou em
greve.

Houve sucessos, que podem ter evitado uma queda de
Bolsonaro na pesquisa. O saque parcial do FGTS e
renegociações de dívidas várias, por exemplo, foram um
alívio para o brasileiro esfolado.
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