Quatro Rodas - Edição 726 (2019-10)

(Antfer) #1

outubro quatro rodas 113


Eu estou fazendo parecer que a


coisa é ruim, mas não é tanto. Jatos


particulares decolam quando você


sobe a bordo e as pessoas não tiram


fotos de você dormindo e babando


para depois colocar no Instagram.


Então, apesar da comida ruim e do


tédio, eu sempre concordo quando


alguém diz: “Vamos em um jato?”


Mas hoje em dia as coisas estão


mudando. A duquesa de Sussex foi


criticada por usar um jato particu-


lar para ir ao chá de bebê dela em


Nova York. E não apenas porque um


chá de bebê é uma coisa besta, in-


digna da realeza. O Leonardo DiCa-


prio também foi forçado a abando-


nar os jatos particulares depois que


ele foi chamado de ambientalmente


hipócrita. E agora há firmas de alu-


guel de jatos particulares pedindo


aos clientes para plantar árvores e


fazer doações para causas verdes


antes de assinar o contrato.


E eu fico pensando. Os gigantes


corporativos vão fazer isso? Não


sei. Estou ciente de que viajar de


jato particular produz uma enorme


quantidade de CO
2


desnecessaria-


mente e, refletindo um bom tempo


no banheiro hoje de manhã, decidi


que não me importo. Porque quanto


tempo a mais eu consigo para o pla-


neta usando, em vez deles, a Rya-


nair? 0,0000001 segundo? Menos?


E tudo isso me leva ao Mercedes


-Benz S 560 e L. Os Classe S sem-


pre foram jatos particulares para a


estrada. E essa é a versão híbrida,


para que os mandachuvas corpora-


tivos andem por aí em uma nuvem


de presunção, em vez de fumaça.


Sob o capô há um V6 de 3 litros, o


que nem de longe é grande o sufi-


ciente para um carro desse tipo.


Então, para ajudá-lo, ele tem tam-


bém um motor elétrico. Juntos eles


produzem 476 cv de potência e 71,4


mkgf de torque. O que significa que


o gigante pode ir de 0 a 100 km/h


em 5 segundos. Na verdade, a usina


de força híbrida entrega tanta força


que, às vezes, é difícil arrancar sem


patinar um pouquinho. Acho que o


cara no banco de trás não vai ficar


muito entusiasmado se isso acon-


tecer sempre que o semáforo abrir.


Então, chofer, tome cuidado.


Também há outro problema. Não


estou sugerindo que qualquer pessoa


dirija a mais de 120 km/h na rodovia


ou que qualquer um deveria. Mas, se


fizer isso, e especialmente se chegar


a 160 km/h, a suspensão traseira co-


meça a ficar perceptivelmente agi-


tada. Eu temo que isso possa ter algo


a ver com o grande peso das baterias


e do motor extra.


Já a Mercedes cita, como ponto


positivo, que você pode andar até


50 km usando somente energia elé-


trica, o que em Londres é suficiente


para alguém ir e voltar do trabalho.


Eu consegui andar apenas 33 km


antes que o motor normal entrasse


em ação com um discreto “ahan”, o


que não é um número ruim. E para


recarregar? Bem, você pode carre-


gar na tomada ou usar o V6.


E, para ser sincero, o banco de


trás é um lugar adorável. Desde


que o chofer James não dirija a uma


velocidade tão louca que faça seu


queixo bater, há travesseiros em-


butidos em que você pode descan-


sar sua cabeça fatigada, a opção de


descansos de perna estendidos ele-


tricamente e tanto espaço que mes-


mo eu não consegui tocar o assento


na frente dos meus pés.


O melhor de tudo, no entanto, é


que meu carro de teste veio com um


DVD player. Eu sei que atualmente


você pode fazer streaming de fil-


mes da internet, mas pessoas mais


velhas nem sempre são capazes de


fazer isso. Elas gostam das tecno-


logias antigas. Eu gosto. Na semana


passada, eu tinha terminado de fil-


mar uma temporada de Who Wants


to Be a Millionaire? em Manchester,


entrei no banco de trás do Mercedes


e comecei a assistir ao filme Butch


Cassidy e, quando estava no meio,


cheguei ao destino final pensando


que o homem ainda não inventou


uma maneira melhor de fazer uma


jornada como aquela.


Eu levei meus sanduíches, meu


vinho, meu filme e meu motorista,


e foi brilhante. Porém, fico pensan-


do. Dizem que a Bentley está traba-


lhando num híbrido desse tipo, e é


provável que ele seja – como poderia


dizer? – um lugar menos germâni-


co para se sentar. Mas carros como


esses podem ser realmente, mes-


mo que remotamente, ecológicos?


Comprar o S 560 é meio como voar


até Nova York em um jato particu-


lar e então acalmar sua consciência


comprando uma orquídea. Então,


fico pensando se não é melhor você


admitir que não se importa e com-


prar a versão esportiva AMG.


Comprar o S 560


é meio como voar


até Nova York em


um jato particular


e então acalmar


sua consciência


comprando


uma orquídea


Aqui é o cockpit do piloto, digo, do chofer James


clArksômetro


merceDes s 560 e l


motor: V6, turbo,


2.996 cm


3
, 367 cv

a 5.500-6.000 rpm;


500 Nm a 1.800-


4.500; potência total,


476 cv a 4.400 rpm,


torque total, 71,4 mkfg


câmbio: automático,


9 marchas


Peso: 1.830 kg


Desempenho: 0 a 100


km/h em 5 s; veloc.


máx., 250 km/h


Preço: 76.415 libras


(R$ 390.000)


Nota do Jeremy:

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