N
os conhecemos desde 2012,
quando apareci pela primeira
vez. Estou tão sumido que tal-
vez você nem lembre, mas eu sou o
Cruze Sport6. Nos últimos tempos,
muita coisa mudou: meus colegas
nos deixaram pouco a pouco e, neste
ano, Golf TSI e Focus, os mais famo-
sos, disseram adeus. E eu? Nos EUA,
até me tiraram da linha de monta-
gem e, no Brasil, sou o último da es-
pécie. E até tentei entender esses jo-
vens: ganhei internet com Wi-Fi e fiz
algumas plásticas. Mas sinto que, in-
felizmente, em breve meu destino
será o mesmo dos meus colegas.
Não estou aqui para falar só de
mim, mas também do passado. Você
pode até chamar de nostalgia, mas
lembro de ler sobre tempos melhores,
lá atrás, em 2010 ou 2011, quando o
Hyundai i30 se tornou febre nas lojas
e todos queriam um hatch médio. Foi
nesse mundo que nasci. De lá para cá,
vi o mercado encolher em até 1 mi-
lhão de carros vendidos por ano.
Me chamaram de antiquado por
não ser alto como um SUV ou raspar
em algumas lombadas. Mas nos tes-
tes da QUATRO RODAS cheguei aos
100 km/h em 9,1 s. Tudo bem que,
lá atrás, gostava de beber um pouco
além da conta, mas agora nem isso
faço. Na cidade foram 11,8 km/l e na
estrada ótimos 16,2 km/l. Quem já
passeou comigo sabe que não deixo
buracos atrapalharem tanto e, mes-
mo assim, me mantenho firme na es-
trada e nas curvas. Mas insistem que
sou baixo demais para hoje.
Quando eu nasci, as prioridades
eram outras. Por isso ganhei acerto
mais esportivo e deixaram minha
direção um pouco mais rígida que a
do meu irmão sedã. Minha missão
era brigar com colegas de Ford e VW.
E minhas qualidades continuam até
hoje: acabei de passar pela Editora
Abril e os jornalistas elogiaram meu
comportamento agressivo e, ao mes-
mo tempo, confortável. Eles lembra-
ram que faltam borboletas para trocas
de marchas e que alguns detalhes do
acabamento ainda deixam a desejar.
Sempre fui bem completão, com
sistemas que ajudam o motorista a se
manter na faixa e avisam se há risco
de bater no carro à frente, seis air-
bags, assistente de partida em rampa,
sensores na frente e atrás, alerta de
ponto cego, chave presencial, partida
por botão e indicador de pressão dos
pneus. Mas agora também sei quando
há pedestres ou objetos à frente e até
paro por conta própria. Ainda ganhei
câmera de ré melhorada e lanternas
com iluminação de led.
Em vez de falar da última cirurgia
plástica, que você pode ver pelas fo-
O últimO cOnvidadO da festa
cruze sport6 ganha plástica e banho de loja para adiar o fim, mas exagera no preço
pOr gabriel aguiar | fOtOs fernando pires
para-choque
é igual, mas
lanternas têm
luzes de led
26 quatro rodas outubro
teste | chevrolet cruze sport6 premier