Quatro Rodas - Edição 726 (2019-10)

(Antfer) #1

outubro quatro rodas 93


Sabe aquele som de batida de pino


que vem do capô? Pois bem, pode ser


a perigosa adição de metanol, tanto


na gasolina como no álcool – a subs-


tância é altamente tóxica e proibida


por lei. “Metanol gera muita detona-


ção no motor, o que pode provocar a


batida de pino”, explica Franieck.


DIESEL NA MIRA


O diesel é outro que não passa ileso


dos espertalhões. Ele deve estar lím-


pido e isento de impurezas. Com o ad-


vento do S-10, que tem menos teor de


enxofre, a fraude mais comum agora


é com o excesso de biodiesel. Por lei,


esse índice não pode passar de 10%,


mas há casos com mais de 40% de


biodiesel. Esse excesso causa danos ao


próprio diesel, que oxida mais rapi-


damente e contribui para a formação


de depósitos, em especial nos filtros.


A causa imediata é a perda de desem-


penho. Em casos mais graves, o motor


pode vir a parar totalmente.


GNV A SALVO? NÃO!


O Gás Natural Veicular (GNV) é mais


difícil de adulterar. Como o combus-


tível vem por tubulação, a logística


para adulterá-lo é complexa e cara.


Contudo, os criminosos sempre


dão um jeitinho: eles repetem uma


prática com o GNV que se tornou


comum nos demais combustíveis e


lesa o bolso do consumidor a curto


prazo. É a chamada “bomba baixa”,


que altera a quantidade do combus-


tível colocado no veículo em relação


ao que está registrado na bomba. Os


fraudadores põem um gatilho no


equipamento, que informa volume


maior do que realmente entrou no


cilindro/tanque. Em alguns casos, o


roubo chega a 30% do registrado.


Assim, se você é daqueles que cos-


tumam só colocar R$ 50, tente fazer


isso sempre com o nível do reserva-


tório em uma posição comum: 1/4 ou


meio tanque. Passe a observar quanto


rodará depois, até o marcador voltar


àquele ponto. Se os R$ 50 passarem a


carregam muitas impurezas, que


podem fazer a bomba de combustível


perder a vazão e provocar o entupi-


mento dos filtros.


ÁLCOOL tAMbéM SOFRE


O etanol não está livre de adulte-


rações. A mais comum é o “álcool


molhado”, com mais água do que o


permitido (7%). Isso tende a acelerar


corrosão e desgaste de peças do mo-


tor. Sair água do escapamento quan-


do o veículo está abastecido com


etanol é normal, mas fique de olho


nessa quantidade. Se estiver pingan-


do muito, especialmente se o motor


estiver ligado há mais de 15 minutos,


é forte indício de “álcool molhado”.


Assim como com a gasolina, a


central eletrônica do carro pode de-


tectar problemas no combustível e


no conjunto. Por isso, se aquela luz


laranjinha da injeção no painel acen-


deu depois que você abasteceu, pode


ser outro indício de adulteração.


Assim, é bom manter os olhos


abertos... e ouvido aguçado também.


durar menos quilômetros, você pode


ter sido vítima da “bomba baixa”.


CuStO ExtRA


Lembre-se de que combustível adul-


terado detona as peças e que isso se


refletirá no custo de manutenção do


veículo. Em oficinas pesquisadas,


reparos no sistema de injecão eletrô-


nica têm orçamentos entre R$ 800 e


R$ 1.5 000. Nos modelos nacionais de


entrada, só os bicos custam, no míni-


mo, R$ 400. Vedações de borrachas e


mangueiras também são as principais


afetadas pelo combustível batizado.


Tomando-se por base o Chevrolet


Onix, líder de vendas, só a mangueira


de combustível varia de R$ 150 a R$


200 (sem mão de obra). Já o filtro de


combustível, que pode entupir e ficar


inutilizado, custa em média R$ 25.


REDE DE CONFIANçA


A dica principal é manter o abaste-


cimento em quatro ou cinco postos


de confiança. Se ficar cismado, peça


o teste determinado pela Agência


Nacional do Petróleo (ANP). Por lei,


o local deve comprovar na frente do


cliente o teor de etanol na gasolina em


uma demonstração que não leva mais


que cinco minutos. Já o etanol é veri-


ficado pelo termodensímetro, a peça


transparente que fica colada na lateral


da bomba. Nela, deve-se verificar se


o nível indicado pela linha vermelha


está no centro do medidor – não pode


estar acima da linha do etanol.


Desconfie também de postos com


preços muito abaixo do mercado.


Além disso, verifique as bombas


abastecedoras: elas devem ter o selo


do Inmetro e, nos postos sem ban-


deira, a etiqueta com o nome do for-


necedor dos combustíveis.


Caso o estabelecimento se recuse a


fazer o teste da proveta, não tenha ter-


modensímetro ou haja qualquer des-


confiança de irregularidades, o con-


sumidor deve encaminhar denúncia


à ANP, no telefone 0800 970 0267 ou


no site anp.gov.br/fale-conosco.

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