Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-28)

(Antfer) #1

Em Davos, apenas um sinal de esperança


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Internacional
sábado, 28 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

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Autor: Fareed Zakaria


O Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, tem
foco normalmente no futuro. Na maioria dos anos, os
participantes se deslumbram com algum país, empresa
ou tecnologia promissora prestes a irromper, forçar
mudanças e dominar a década seguinte.


Neste ano, o foco não esteve nem no futuro nem no
passado. Os participantes mergulharam na história para
debater o que causou a invasão à Ucrânia. O ministro
de Finanças sueco explicou por que seu país, que não
entra em guerra desde a era napoleônica, está
rompendo com sua tradição de mais de 200 anos de
neutralidade com sua candidatura de adesão à Otan. O
ministro de Relações Exteriores finlandês recordou a
resistência da Finlândia à agressão de Moscou na
Guerra de Inverno, entre 1939 e 1940.


ANÚNCIOS. Nos últimos anos em Davos, as empresas
iluminaram suas vitrines e prédios com sinais exultantes
reverberando dinamismo, aceleração e novidade. Desta
vez, houve muito menos anúncios e slogans (algumas
delas prometendo resignadamente sustentabilidade ou


progresso em relação às mudanças climáticas). O único
cartaz genuinamente otimista que vi dizia: 'O PIB
saudita será alimentado a partir de agora por YOLO
(você vive apenas uma vez), FOMO (medo de ficar de
fora) e WYWH (gostaria que você estivesse aqui)?' Com
o petróleo negociado por mais de US$ 100 o barril, o
regime saudita tem de estar bastante animado.

A vitrine que dominou as atenções foi uma que
costumava ser reservada com antecedência havia anos
pelos russos, que organizavam suntuosos coquetéis e
degustações de caviar ao longo da conferência. Agora,
o nicho da Rússia tem um cartaz na janela que diz em
uma fonte pequena e clara: 'Aqui costumava ser a Casa
Russa em Davos. Agora, é a Casa dos Crimes de
Guerra da Rússia em Davos'. Patrocinado pelo
empresário ucraniano Victor Pinchuk, o novo visual
inclui salões repletos de imagens e histórias
horripilantes da selvageria da Rússia em sua campanha
contra a Ucrânia.

A Ucrânia dominou as conversas em Davos este ano, e
a maioria das pessoas com que falei não tem certeza a
respeito da maneira como esta guerra acabará. Isso faz
parte de uma sensação mais ampla de incerteza sobre
o mundo para o qual estamos nos encaminhando, um
mundo com riscos em multiplicação. 'Sabemos que os
riscos à espreita são grandes', disse-me o ministro
sênior de Cingapura, Tharman Shanmugaratnam. 'Não
se trata de riscos 'cisne negro', eles não vêm do nada.
Uma pandemia já havia sido prevista; a invasão russa
era uma possibilidade conhecida. Outra pandemia ou
crises climáticas mais frequentes não são meras
possibilidades, são desdobramentos prováveis. Não
podemos continuar esperando e nos planejando para
uma volta a tempos calmos e despreocupados.'

TERRITÓRIO DESCONHECIDO. Um ex-executivo de
banco central disse-me que formuladores de políticas
econômicas sentem que estão em território
desconhecido: 'O modelo antigo - em que a inflação se
elevava minimamente, e então você aumentava as
taxas de juros um pouquinho e tudo ficava bem -
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