Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-28)

(Antfer) #1

A guerra domina Davos


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e
Informações
sábado, 28 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Davos

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sem aparecer, Vladimir Putin, senhor das armas, pautou
e dominou a reunião do Fórum Econômico Mundial em
Davos. A guerra foi o grande tema da semana. Políticos
e especialistas discutiram a devastação da Ucrânia, as
novas ameaças à segurança internacional e seus
efeitos econômicos para dezenas de países. Uma
guerra havia entrado na pauta em janeiro de 2003,
quando o secretário de Estado americano, Colin Powell,
tentou explicar e justificar o próximo grande lance de
seu governo, a invasão do Iraque. Naquela ocasião, o
Fórum já se havia consagrado como templo da
globalização e da integração, com pouco espaço para
discussão sobre armas. O autocrata russo conseguiu
unir os dois temas, o militar e o econômico, na
programação de Davos.


A semana foi aberta com a participação virtual do
presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. Ele
agradeceu a ajuda internacional e reafirmou a
disposição de continuar, com os meios fornecidos por
outros países, combatendo as tropas invasoras. Foi
como se o líder ucraniano estivesse dando o tom a uma
orquestra. A sequência foi uma série de
pronunciamentos sobre as necessidades impostas pelo


conflito.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der
Leyen, acusou o governo russo de usar a fome e o
controle de cereais como armas de guerra. Pediu
cooperação global contra a 'chantagem da Rússia' e
defendeu maior investimento militar na Europa. Propôs
também maior empenho na transição para um padrão
energético menos dependente de petróleo e gás e,
portanto, da importação de insumos de origem russa.
União contra as novas ameaças foi também a bandeira
levantada pelo primeiro-ministro da Espanha, Pedro
Sánchez, e pelo secretário-geral do Tratado da
Organização do Atlântico Norte (Otan), Jens
Stoltenberg.

O primeiro grande apelo a favor da ordem global veio da
equipe do Fundo Monetário Internacional (FMTI),
liderado pela diretora-gerente da entidade, Kristalina
Georgieva. Somada à pandemia da covid-19, a invasão
da Ucrânia combinou duas crises, 'devastando vidas,
derrubando o crescimento econômico e aumentando a
inflação', alertou um documento divulgado pouco antes
de começar a reunião. A guerra agravou problemas já
presentes nos mercados e ampliou o risco de uma
'fragmentação geoeconômica', segundo o texto
apresentado pelo Fundo.

O alerta do FMI constituiu, talvez, a mais articulada
expressão das preocupações levadas ao Fórum por
líderes nacionais, economistas, empresários e
representantes de organizações multilaterais. É preciso
evitar o desmonte das cadeias internacionais de
suprimentos, evitar novos entraves aos fluxos de
mercadorias, de serviços e de capitais e conter as
tendências, já observadas em vários países, de
ampliação de barreiras a exportações e importações.
Desde o começo da guerra na Ucrânia, informou o FMI,
cerca de 30 governos limitaram o comércio de
alimentos, energia e de outros itens básicos. Tudo isso
agrava, seria fácil acrescentar, as tendências já
observadas de redução do crescimento econômico.
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